Resumo

Até os anos 1950, a área de finanças se prestava principalmente a estudos sobre normas, padronização de demonstrações financeiras e análise de cenários para apontar como se comportavam investidores e empresas. Com a modernização da área, passou-se a abordar a teoria econômica neoclássica e modelos matemáticos. Uma maneira de analisar uma área de estudo é pela Bibliometria, um conjunto de ferramentas estatísticas que possibilitam o mapeamento e a geração de indicadores em determinada literatura. Existem alguns artigos que analisam as publicações em finanças no país, porém de maneira limitada.

Este estudo tem como objetivo analisar as publicações na área de finanças no Brasil, considerando o intervalo de 2006 a 2016. Além da descrição do cenário em números, os artigos foram classificados segundo os temas presentes na área de Finanças da edição de 2017 do SemeAd - Seminários em Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. Assim, pretende-se fornecer aos pesquisadores da área um panorama atualizado e abrangente da pesquisa em finanças, motivando pesquisas relevantes à academia e ao mercado.

A análise bibliométrica é, segundo Araújo (2006), uma técnica quantitativa e estatística que mede os índices de produção, bem como de disseminação do conhecimento científico. Uma das leis empíricas usadas para caracterizar o comportamento das publicações é a Lei de Lotka, que mede a produtividade de comunidade científica. Sob um panorama geral do tema, encontram-se alguns estudos sobre a pesquisa em finanças no Brasil. Leal et al (2003) traz uma análise de artigos de finanças com publicação entre 1974 e 2001; em 2013, foi publicado um artigo que sequencia estas análises, expandido a amostra.

Para seleção dos periódicos, foi considerada a classificação feita pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES) em 2016. Como o objetivo é analisar as publicações no país, foram desconsiderados periódicos internacionais; a pesquisa se propôs a analisar bases de dados disponíveis virtualmente, o que também excluiu as versões impressas. A busca por artigos se deu pela pesquisa do termo “financ*” nas caixas de pesquisa dos periódicos. A classificação se baseou nos temas da área de Finanças da edição do SemeAd 2017. Aplicou-se a Lei de Lotka para avaliar a produtividade.

No final das análises, obteve-se resultados de 53 (cinquenta e três) periódicos, pois nem todos apresentaram artigos que se enquadrassem nos critérios propostos. Na listagem, não constam periódicos brasileiros com estrato A1. O maior volume de publicações se concentra na Revista de Contabilidade e Finanças, seguido pela Revista Brasileira de Finanças e a Revista Contabilidade Vista & Revista. O tema “Governança, Risco e Compliance” se destaca sobre os outros, com maior produção. 82,75% dos autores publicam apenas uma vez, de modo que a área não apresenta tendências de crescimento.

Temas menos explorados nos últimos anos se constituem em oportunidades de inovação para os autores. Uma limitação da pesquisa foi a falta de parâmetros com relação às tendências internacionais dos estudos em finanças. Sugere-se a análise de publicações internacionais, buscando os assuntos de maior discussão no momento, e direcionando pesquisas futuras para contribuir com o debate. Também se sugere a busca de autores brasileiros que acabam publicando em veículos internacionais, ao invés de fomentarem o desenvolvimento da pesquisa em finanças no Brasil.

ALVARADO, Rubén Urbizagástegui. A Lei de Lotka na bibliometria brasileira. Ciência da Informação, v. 31, n. 2, 2002. FARIA, E. R.; ANDRADE, L. P.; GONÇALVES, M. A. Metodologias e temas pesquisados em finanças: uma análise bibliométrica nos principais periódicos do Brasil. Revista Administração em Diálogo, v. 17, n. 3, p. 172-191, 2015. LEAL, R.; OLIVEIRA, J.; SOLURI, A. Perfil da Pesquisa em Finanças no Brasil. RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 43, n. 1, p. 91-104, 2003.