Resumo

Título do Artigo

A GENTE QUER COMIDA, DIVERSÃO E ARTE: AS METAMORFOSES NOS USOS DO MERCADO NOVO EM BELO HORIZONTE (MG)
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Palavras Chave

Mercado Novo
Espaço
Lugar

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades Organizacionais

Autores

Nome
1 - Oscar Palma Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - FACE
2 - José Vitor Palhares dos Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - CEPEAD/FACE/UFMG
3 - Alexandre de Pádua Carrieri
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Faculdade de Ciências Econômicas

Reumo

O intenso processo de urbanização de Belo Horizonte a partir da década de 60 gerou transformações no modo de vida dos citadinos e das atividades do Mercado Novo, como o esvaziamento da região central da capital pelas classes mais ricas após a década de 50, as políticas municipais de requalificação desse centro (com a proibição de ambulantes nos passeios e a reforma de praças) e a mudança de significados que a população passou a atribuir àquela região após a intervenção do poder público – de lugar “degradado” para lugar de compras, passeio e lazer.
Este artigo objetiva analisar os usos do espaço denominado Mercado Novo (MN) através das transformações ocorridas em sua trajetória na cidade de Belo Horizonte. De central de abastecimento, o MN abriga lojas de embalagens plásticas até uma casa de shows para jovens. Nessa trajetória, os novos e velhos atores sociais que compõem o MN ainda tentam encontrar o seu lugar na cidade. Justificamos a importância deste trabalho pois a incorporação da dimensão espacial aos Estudos Organizacionais é promissora para o desenvolvimento conceitual analítico da área (Ipiranga, 2010)
Buscamos trabalhar os conceitos de Geografia Humana de espaço, lugar, território, desterritorialização e reterritorialização. O lugar seria a parcela do espaço apropriada de vida, produto humano da relação cotidiana e histórica entre espaço e sociedade (COLOMB, 2012); não-lugar um espaço constituído para certos fins que servem a quem ali passa (AUGÈ, 1995); e o entre-lugar como um lugar visitado por passantes que, diferente do não-lugar, dele se apropriam parcialmente, estabelecendo alguma relação de pertencimento (CASTROGIOVANNI, 2007).
Para atingir o objetivo proposto, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa, de abordagem exploratória. A coleta de dados se deu por meio de pesquisa documental, observações participantes e entrevistas semiestruturadas em profundidade com foco nas histórias de vida dos atores organizacionais e na trajetória histórica desse espaço na capital. Foram entrevistados 77 comerciantes do MN e 6 agentes públicos apontados pelos negociantes. Já a análise dos dados foi feita através da Análise de Conteúdo.
Por se tratar de um espaço, o prédio se degradou em sua forma por causa da interrupção do projeto inicial, do desinteresse dos comerciantes e da especulação imobiliária. Teve suas funções modificadas por causa das mudanças em sua estrutura, como de atacado de hortifrutigranjeiros para diferentes tipos de mini-atacado e serviços. As transformações aconteceram no mercado por ele ser, ao longo de décadas, lugar da intenção e ocorrência de projetos da gestão pública e de práticas cotidianas de sobrevivência dos comerciantes em meio a uma competição por clientes com o CEASA e supermercados.
Tanto a PBH quanto o MB colocaram a cultura no centro de suas atividades. Seja nas mãos de planejadores urbanos ou de promotores culturais, a cultura torna-se de princípio da resistência antiprodutivista à parte decisiva do mundo dos negócios públicos e privados. Nesse sentido, uma simbiose de imagem e produto, a “cidade-empresa-cultural” estaria determinando os usos das metrópoles desde finais do século XX. Usos quase unidimensionais definidos por essa nova forma de gestão urbana, mas que tem falhado em encontrar um lugar ao Mercado Novo e às suas práticas no centro de Belo Horizonte.
AUGÉ, Marc. Non-lieux. Londres: Verso, 1995. CASTROGIOVANNI, Antonio C. Lugar, no-lugar y entre-lugar: los ángulos del espacio turístico. Estudios y Perspectivas en Turismo, Buenos Aires, v.16, n.1, p. 5-25, 2007. COLOMB, Claire. Pushing the urban frontier: temporary uses of space, city marketing, and the creative city discourse in 2000s Berlin. Journal of urban affairs, v. 34, n. 2, p. 131-152, 2012. IPIRANGA, Ana Sílvia R. A cultura da cidade e os seus espaços intermediários: os bares e os restaurantes. Revista de Administração Mackenzie, v. 11, n. 1, p. 65-91, 2010.