Resumo

Ao contemplar o trabalho sob o foco da saúde do empregado verifica-se um vasto número de estudos, que em diferentes países e sob diferentes perspectivas, ideologias e paradigmas tentam preencher as lacunas que insistem em existir. Em se tratando de saúde mental esse campo torna-se ainda mais complexo e sujeito a muito mais conflitos interpretativos e críticos. Tratar a subjetividade, as psicopatologias e os traumas advindos do trabalho é para muitos um assunto ainda muito delicado para se envolver.

Para aprofundar o entendimento sobre a relação saúde mental e trabalho este artigo questiona: Qual o percurso teórico-metodológico tem conduzido os estudos sobre a relação saúde-mental e trabalho? Para responder esta pergunta o presente estudo tem como objetivo identificar e discutir a produção científica internacional na área nos últimos cinco anos, de forma a apresentar uma agenda de pesquisa para essa temática.

O estudo se orienta em duas vertentes de análise, sejam: a) o significado do trabalho, que reflete acerca da evolução do homem no trabalho e b) a saúde mental no contexto organizacional, que contempla o prazer, o sofrimento e a fragilização mental do sujeito quando no campo do trabalho. Autores como Creery (1944), Amarante (2007), Glina (2001), Ianni (1994), Morin (2001), Taylor (1990), Vianna (1991), Pyöriä (2007), Tolfo e Paccinini (2007) (Dejours, 2004) e Holz (2013) entre outros, orientam os discursos que embasam a fundamentação teórica elaborada.

Utilizou-se como recurso metodológico a bibliometria. Selecionou-se 71 artigos publicados de 2012 a 2016 em periódicos internacionais, disponíveis na base de dados proquest. Tais publicações foram submetidas à análise de 8 dimensões: ano, periódico, procedência, área de concentração, tipo de artigo, nível de análise, procedimentos metodológicos e temáticas tratadas. Os dados foram tratador por meio da análise de redes, utilizando-se dos softwares UCINET e Netdraw, que permitiram a identificação das medidas de centralidade de grau, de intermediação e geodésica.

As áreas de convergência dos estudos demonstram concentração na sociologia (45%) e ciências da saúde (38%), com predominância da pesquisa quantitativa (65%) e uso de survey como técnica de coleta de dados (45%). As principais temáticas tratadas foram Contexto Socioeconômico (46%), Saúde e Bem Estar (41%), Saúde e Segurança (35%) e Políticas Públicas (34%), essas temáticas foram identificadas ainda como as que apresentaram maior grau de centralidade, ou seja, aquelas com maior número de relacionamentos na rede e que mais influenciam o campo de estudos.

Os resultados auferidos permitem identificar que a área de administração mantém a maior parte de suas temáticas em pontos periféricos da rede, evidenciando a necessidade de aprofundamento e novas pesquisas. Proposições de agenda envolvem a pouca participação dos países do hemisfério sul em pesquisas voltadas para o tema, a possibilidade de mudança de paradigma e a integração de pesquisas sob o olhar das diferentes áreas de conhecimento. Ao tratar a saúde mental no trabalho sob um corte transversal percebe-se que o tema perpassa diferentes saberes, demandando uma maior integração dos estudos.

Amarante, P. (2007). Saúde mental e atenção psicossocial. SciELO-Editora Fiocruz. Dejours, C. (2004). Subjetividade, trabalho e ação. Revista produção, 14(3). Glina, D. M. R. et al. (2001). Mental health and work: a discussion of the connection between work and diagnosis based on daily practice. Cad SaúdePública, 17(3). Holz, E. B. (2013). Clínicas do Trabalho: novas perspectivas para compreensão do Trabalho na Atualidade. Revista de Administração Contemporânea, 17(1). Morin, E. M. (2001). Os sentidos do trabalho. Revista de administração de empresas, 41(3).