Resumo

O objetivo deste artigo é falar sobre a formação de Administradores no Brasil e a Educação para a Cidadania (EC), refletindo sobre uma possível intersecção entre elas. Além de delinear aspectos da trajetória do Ensino Superior de Administração (ESA) no Brasil, o texto traz reflexões sobre a Educação, a Cidadania e a Educação para a Cidadania. Dentre as considerações finais, defende-se que contemplar a EC, no ESA brasileiro, possibilitará uma formação profissional para o mundo do trabalho mais qualificada ao futuro profissional da Administração.

Contemplando as críticas e debates que emergem acerca do ESA, no Brasil, é possível dizer que a formação oferecida é tida, ainda e por muitos autores, como incompleta, pois não consegue desenvolver habilidades e competências que são consideradas relevantes para que o Administrador consiga desempenhar plenamente suas funções dentro e fora das organizações. Sendo assim, o texto a seguir pretende propor uma possível interconexão entre a formação que é oferecida pelas Instituições de Ensino brasileiras e a Educação para a Cidadania.

Fischer (2003) delineia que, atualmente, os currículos que são oferecidos, pela grande maioria das IEs, não favorecem nem a formação técnica e instrumental necessária para o exercício da profissão, nem a formação de um profissional possuidor de visão pluralista da realidade. Todavia, vislumbra-se que, através da perspectiva da Educação para a Cidadania na formação de Administradores, buscar-se-á estimular a reflexão a partir da realidade cotidiana do Administrador, envolvendo sua prática e promovendo a reflexão sobre a teoria estudada.

O método escolhido, para este estudo qualitativo, foi a revisão bibliográfica, a um nível exploratório, com a respectiva análise de conteúdo do corpus.

Pensar a formação de Administradores, considerando a perspectiva da Educação para a Cidadania não seria a fórmula milagrosa para todos os males enfrentados por este tipo de ensino mas, sim, poderia contribuir com uma face muito importante do processo educacional: o profissional da Administração (administrador, líder, gestor, dentre outras nomenclaturas) não pode ter sua formação formal (dentro dos cursos de Administração) apartada da sua condição primária, ou seja, deve ser contemplado enquanto cidadão atuante, como um ser capaz de promover mudança social.

Contemplar a Educ. para a Cidadania, no Ens. de Adm. no Brasil, possibilitará uma formação profissional para o mundo do trabalho mais abrangente ao futuro profissional: dado que este terá a possibilidade de desenvolver, durante seu curso, seu potencial humano e uma visão política necessária para a vida em sociedade (sua consciência crítica, a integração da teoria à vivência da prática profissional e a compreensão das relações sociais de produção) – para que, a partir daí, ele possa ser um agente de transformação social e ajude a construir um mundo cada vez melhor e mais justo para todos.

CIAVATTA, MARIA. A cultura do trabalho e a educação plena negada. Revista Labor, n. 5, v.1, 2011. p. 164-183. COVRE, MARIA DE LOURDES MANZINI. A Formação e a Ideologia do Administrador de Empresa. Petrópolis: Vozes, 1981. FISCHER, TÂNIA. Alice através do espelho ou Macunaíma em Campus Papagalli? Mapeando Rotas de Ensino dos Estudos Organizacionais no Brasil. Revista Organizações e Sociedade. Salvador, v. 10, n. 28, ago./dez, 2003. pp. 47-62.