Resumo

Título do Artigo

Sofrimento Internalizado Manifestado no Comportamento: A organização escolar como Lócus da formação de significados nas interações sociais
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Palavras Chave

Internalização do sofrimento
Comportamento externalizado
Significados

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades Organizacionais

Autores

Nome
1 - Cledinaldo Aparecido Dias
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - PPGA
2 - Simone Tiêssa de Jesus Alves
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES) - Departamento de Administração, CCSA
3 - Pablo Peron de Paula
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Reumo

Observar o problema da violência em instituições educacionais transcende o olhar pontual sobre o presente e avança a percepção para o homem do futuro, uma vez que os processos de internalização e externalização são fenômenos individuais que perpetram a existência do sujeito e se refletem ao longo de toda a vida nas suas relações sociais. Assim percebidos, identifica-se que as diversas manifestações de violência são externalizações do sofrimento vivido, que se manifestam em problemas psicossociais dos adolescentes e refletemno contexto das organizações escolares.
Identificando as organizações escolares como lócus da formação de significados nas interações sociais, questiona-se: como a exposição à violência nas organizações escolares, promotora do sofrimento internalizado, externaliza a violência entre adolescentes? Assim, o presente artigo tem como objetivo descrever a prevalência de exposição à violência entre adolescentes de escolas públicas do Estado de Minas Gerais e elucidar que tais exposições estão associadas com atitudes violentas baseadas no gênero e com problemas de internalização e externalização.
Sustenta-se em Ameli et al (2017) que associa experiências de violência entre adolescentes do Malawi baseada em gênero, atitudes, internalização e externalização. No que se refere à violência e adolescência insere-se as discussões de Wirtz et al. (2016), Squegliab e Cservenka (2017), Monteiro, et al. (2007), Torikka et al, (2016) e Spear (2016). O cotidiano das organizações escolares é tratado por Vinha (2014), Leme (2006) e Abranovay (2012), que articulam o espaço escolar como lócus da formação de significados nas interações sociais.
Foram aplicados 3513 questionários em um estrato de 244 turmas de 86 escolas estaduais de Minas Gerais (CRISP, 2013). Os municípios pesquisados foram distribuídos em dois agrupamentos, sejam: região metropolitana e interior. O estudo aplicou a técnica de análise de regressão logística bivariada, que permite a previsão de qual de duas categorias é provável que uma pessoa pertença dadas certas informações. A realização do estudo considerou nove variáveis que explicassem a associação entre o sofrimento vivenciado por adolescentes escolares e o comportamento externalizado.
32% dos meninos e 44% das meninas viviam na pobreza. Tanto meninas quanto meninos relataram experiências de sofrimento de violência física, praticaram bullying, furtaram ou roubaram e agrediram fisicamente colegas. Destaca-se o comportamento em relação ao consumo de drogas, fator com prevalência muito alta entre os adolescentes. As experiências com uso de algum tipo de drogas estavam associadas ao sofrimento de bullying na escola e muito pouco associada às condições de pobreza. Nos meninos a vitimização de furto e roubo também influenciaram a experiência no uso de algum tipo de drogas.
Apontam para importantes implicações da exposição à violência sofrida por adolescentes de escolas públicas em Minas Gerais e explicam a natureza e a prevalência desta preocupação. Identifica-se que parte da violência vivida envolve a falta do cumprimento das leis de proteção e amparo. A falta de rigor na aplicação das leia acaba por amputar a qualidade de vida desses atores e comprometer sua integridade física, social e moral. O esforço para minimizar a violência pode partir de relações positivas e políticas de respeito, reconhecimento, atenção e prestígio entre professores e alunos.
Abramovay, M., & Rua, M. D. G. (2002). Violência nas escolas. In Violência nas escolas.Brasília: UNESCO. Ameli, V., et al (2017). Associations between adolescent experiences of violence in Malawian dgender-based attitudes, internalizing, and externalizing behaviors. Child Abuse & Neglect. Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública - CRISP (2013). Violência em Escolas e Programas de Prevenção. Disponível em: < http://www.crisp.ufmg.br/bancodedados/>. Acesso 01/março/2017. Leme, M. I. S. (2006).Convivência, conflitos e educação nas escolas de São Paulo. São Paulo: ISME.