Resumo

O presente artigo pretende apresentar uma análise sobre a discussão fenomenológica e epistêmica no turismo. Para tal, optou-se como objeto de estudo os periódicos científicos da área. Os periódicos científicos se tornaram um dos meios de comunicação que promove a difusão do conhecimento na atualidade. Para Hall (2011) o estudo dos aspectos quantitativos das publicações, a bibliometria, tornou-se uma questão cada vez mais significativa em estudos de turismo e no Brasil diversos autores como Rejowski (2010) e Dencker trabalham com o mapeamento das pesquisas na área turística.

Nechar (2007) discute que uma questão pouco analisada, sendo até mesmo um problema em sua visão, é a ausência de estudos epistemológicos do turismo. Para o autor, a epistemologia do turismo implica em não copiar argumentos tradicionais e sim efetuar uma ruptura dialética com os fundamentos tradicionais. O objetivo da presente investigação é identificar: a) utilização da abordagem fenomenológica nas pesquisas em turismo b) discussão sobre a abordagem fenomenológica em pesquisas de turismo c) discussão sobre epistemologia e turismo, no que tange ao Brasil, a América Latina e Internacional.

A fundamentação teórica dessa pesquisa baseia-se nos conceitos, na filosofia fenomenológica e seu método, compreendida por Husserl (1990) e Merleau-Ponty (1999), além do conceito de abdução apresentado por Charles Peirce (1975). Discute-se também a abordagem fenomenológica no turismo, conforme apresenta os autores Nechar (2007), Panosso Netto (2009; 2011), Dieckow (2010) e Marujo (2013). Para Nechar (2011) a fenomenologia não é apenas uma mera descrição, mas se trata de um método rigoroso, estritamente filosófico, que permite abrir um caminho de uma nova fundamentação ontológica.

A classificação da pesquisa é exploratória, descritiva e comparativa com abordagem quantitativa. Optou-se pela análise bibliométrica, que teve como ferramenta periódicos científicos, que foram classificados decorrente ao seu Fator de Impacto (FI) no ano de 2014 para exemplos internacionais e classificação Qualis-Capes para exemplos nacionais. Portanto, a pesquisa foi realizada nos periódicos: Annals of Tourism Research, Tourism Management, Estudios y Perspectivas en Turismo, Caderno Virtual de Turismo e Turismo: Visão e Ação, totalizando 1.552 artigos entre os anos de 2010 e 2014.

Os resultados permitiram verificar os artigos publicados anualmente por cada periódico selecionado e seus indicadores. Verificou-se que a utilização da abordagem fenomenológica vem sendo prestada a pesquisas de turismo, mostrando a sua real aplicabilidade no campo. Observa-se que se trata de uma discussão pouco realizada até o presente momento pela área, talvez pelo fato do turismo ainda ter predominância de uma racionalidade, ou pelo simples fato da fenomenologia estar em processo de consolidação.

Evidencia-se que nos últimos anos a discussão epistêmica do turismo vem ocorrendo, buscando-se sistematizar um corpo teórico e contribuindo para o desenvolvimento teórico e conceitual da área. De forma geral, os resultados demonstram que todos os indicadores pesquisados vêm sendo relativamente discutidos nos últimos anos, principalmente em âmbito internacional. O estudo apresentado contribui como mais uma ferramenta na busca por novas compreensões e reflexões a respeito da pesquisa em turismo. Entretanto, dadas as limitações desta pesquisa, não se permite a generalização desses resultados.

Referências bibliográficas parciais: Dencker, A. F. M. (1998), Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. São Paulo: Futura. Hall, M. (2011), “Publish and perish? Bibliometric analysis, journal ranking and the assessment of research quality in tourism”, Tourism Management, 32(1): 16-27. Husserl, E. (1990), A ideia da fenomenologia. Lisboa: Edições 70. Rejowski, M. (2010), “Produção científica em turismo: análise de estudos referenciais no exterior e no Brasil”, Turismo em análise 21(2): 224-246. Tribe, J.; Airey, D. (2007), Developments in tourism research. Amsterdam: Elsevier.