Resumo

A expansão do sistema capitalista e a sua progressiva desregulamentação ocasionaram uma infinidade de problemas, que englobam as questões social, ambiental e econômica. Algumas soluções para estes problemas podem ser encontradas na literatura, é o caso da Economia Solidária apresentada por Singer (2002) e que se desdobra numa infinidade de experiências, tais como cooperativas, clubes de troca e também formas de microcrédito, entre outras. Este estudo concentra-se nos bancos comunitários, especificamente no Banco Palmas.

O intuito da criação do banco concerniu em incrementar ações de desenvolvimento local sustentável, as quais conferiram ao banco o motivo por ser considerado uma das principais experiências de Economia Solidária no Brasil. Deste modo, esta pesquisa tem como objetivo descrever o surgimento e a trajetória do Projeto Palmas, sua moeda social, seus avanços e limitações.

No referencial teórico buscou-se apresentar alguns conceitos sobre a pobreza, suas dimensões e alternativas. A proposta e princípios da Economia Solidária Diferentemente da economia clássica, a Economia Solidária se propõe a atuar prioritariamente em favor das pessoas e do meio ambiente, defendendo um modelo socioeconômico mais equitativo, redistributivo e sustentável (SINGER, 2002, LUZIO DOS SANTOS, 2014). A alternativa do Banco Comunitário às organizações financeiras tradicionais e, por fim, o microcrédito, um dos principais serviços oferecidos pelos bancos comunitários.

Realizou-se uma pesquisa qualitativa, pois, trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes” (MINAYO, 2001, p. 14). A estratégia de investigação escolhida foi o estudo de caso, que é definido por Yin (2010, p. 39-40) como “uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto da vida real”. Foram utilizados dados de fontes primárias e secundárias, a fim de apresentar as especificidades do banco comunitário Palmas e de sua moeda social no Brasil.

Os resultados indicam a importância do Banco Palmas e da moeda social circulante como mecanismo de empoderamento local e impulso para a geração de trabalho e renda para as populações mais fragilizadas. De acordo com a coordenadora do Banco, a moeda Palma produz riqueza porque cria uma poupança, não permitindo que os recursos da comunidade migrem para outras comunidades e regiões da cidade. Essa capacidade de acumulação e circulação do dinheiro na comunidade acaba gerando riqueza no local (NASCIMENTO, 2011).

Conclui-se que, investir em políticas socioeconômicas e alternativas ao capitalismo atual resultam em oportunidades de crescimento e sobrevivência às populações pobres, assim como a melhoria da qualidade de vida. O estudo poderá contribuir para o aumento da discussão e continuidade da temática em nosso país, além de apresentar uma alternativa ao sistema econômico vigente que privilegia quem tem mais recursos num ciclo vicioso que simplesmente reproduz as iniquidades socioeconômicas.

LUZIO-DOS-SANTOS, L. M. . Socioeconomia: solidariedade, economia social e as organizações em debate. São Paulo: Atlas, 2014. MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2001. NASCIMENTO, A. M. Moeda palma e o desenvolvimento sustentável do conjunto Palmeiras através da economia solidária. 2011, 131 fls, Dissertação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2011. SINGER, P. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2002. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.