Resumo

A produção artesanal é reconhecida como uma expressão da identidade local e da diversidade cultural brasileira, enriquecendo o patrimônio simbólico e artístico. A Renda Irlandesa que é um dos produtos artesanais de estaque em Sergipe. É em Divina Pastora que há a maior concentração de rendeiras e onde a atividade tem maior importância socioeconômica e simbólica e que, inclusive, encontramos a maior Associação de Renda Irlandesa (ASDEREN) Esta pesquisa adotou como pressuposto que as organizações são resultado de práticas e processos (Weick, 1973; Schatzki,2005; Santos e Alcadipani (2015)

Esta pesquisa se diferencia ao adotar uma perspectiva interpretativa, deixando de lado uma abordagem meramente descritiva das organizações, busca-se uma aproximação entre o teórico e o empírico para responder à questão orientadora deste trabalho: Como se constitui o organizing da ASDEREN por meio de práticas e processos? Investiga-se a ASDEREN (Associação de Desenvolvimento de Renda Irlandesa de Divina Pastora), com o objetivo de compreendê-la como resultado de suas práticas e processos

Adotamos a premissa de que a realidade social é constituída por práticas e que a organização é entendida como resultado de um processo que envolve as práticas organizacionais e as relações entre os atores. (Bakken, Hernes, 2006). Este trabalho busca compreender o processo de organizar (organizing) da Renda Irlandesa da ASDEREN por meio da abordagem teórica das Práticas Organizacionais. Empiricamente, buscou-se olhar para ‘o que’ as pessoas fazem em seu cotidiano. Teoricamente, buscou-se compreender as relações entre as ações que as pessoas executam e as estruturas da vida organizacional

Quanto à metodologia, a abordagem foi de natureza qualitativa, descritiva e exploratória, o método escolhido foi o biográfico, baseado na História Oral cujos dados foram coletados por meio de entrevistas em profundidade com três rendeiras, a partir dos critérios de seleção definidos para a pesquisa.. A análise dos dados por meio da análise de conteúdo desenvolvida por Bardin (2011). Por meio dessa técnica de análise das comunicações analisou-se o que foi dito nas entrevistas e observado pela pesquisadora, segundo orientações de Silva, A. H. e Fossá (2015).

Do campo de pesquisa emergiram as contradições que fazem com que a organização seja o que é e não uma entidade fixa e estável: informalidade/formalidade; fragmentação/centralização e horizontalidade/verticalidade A organização estudada oscila entre essas contradições, mas faz tudo isso ao mesmo tempo, que busca a formalização dos processos, bem como a centralização das funções. E ainda ao mesmo tempo tenta manter certo grau de informalidade e fragmentação. O grupo tenta ainda manter a horizontalidade e as decisões colegiadas, mesmo com a existência de ações que verticalizando a organização.

O corpus de material empírico acabou por criar uma fotografia. Na composição da fotografia da Na ASDEREN, podem-se distinguir três elementos principais: uma prateleira ao longo da parede com materiais diversos e coloridos (informalidade e formalidade); um cesto com alguns manuais e livros (fragmentação e centralização); e, um sofá-cama (horizontalidade e verticalidade). E é nesse espaço que diversas artesãs tecem suas práticas, a partir de interações e ações. Foi possível evidenciar que organizar é criar e atribuir sentido às ações, pessoas e objetos.

Bakken, T. & Hernes, T. (2006). Organizing is both a verb and a noun: Weick meets Whitehead. Organization Studies, v. 27, n. 11 Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. SP Santos, L. L. S. & Alcadipani, R. (2015). Por epistemologia práticas organizacionais: a contribuição Theodore Schatzki. O&S, v. 22, n. 72 Schatzki, T. (2006). On organizations as they happen. Organization Studies, v. 27, n. 12. Silva, A. H. & Fossá, M. I. T. (2015). Análise de conteúdo: exemplo aplicação da técnica para de dados qualitativos. Qualit@s Revista Eletrônica, v. 17, n. 1 Weick, K. (1973). A psicologia social da or