Trajetória Profissional
Gênero e Universidade
Ambiente Acadêmico
Área
Gestão de Pessoas
Tema
Carreira de Pessoas e Organizações
Autores
Nome
1 - Ana Karenina Dantas Silvestre Leal UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - João Pessoa
2 - Lucimeiry Batista da Silva Rabay UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Reumo
O papel das mulheres no mercado de trabalho é sobrecarregado pela expectativa social de que sejam as principais responsáveis pelo cuidado da família, mesmo com jornadas de trabalho iguais às dos homens. Além de suas carreiras, as mulheres assumem a maior parte dos afazeres domésticos e cuidados familiares, limitando o tempo para o desenvolvimento profissional. Essa realidade afeta as docentes de universidades que devido à falta de tempo adequado, muitas realizam atividades acadêmicas à noite ou nos fins de semana, o que compromete a produtividade e dificulta a progressão na carreira.
Problema: Como ocorrem as relações de trabalho e de gênero nas carreiras de mulheres em um departamento vinculado à área de saúde, de uma Universidade Federal do Nordeste?
Objetivo: Compreender as relações entre o trabalho docente e o gênero em um departamento da área de saúde de uma universidade federal nordestina.
Segundo Hirata e Kergoat (2007 apud Almeida Neto; Costa; Helal, 2016), a sociedade enxerga a divisão social do trabalho baseada em dois princípios: separação (trabalhos distintos para homens e mulheres) e hierarquia (trabalho masculino mais valorizado). Essa divisão é legitimada pela ideologia naturalista, que atribui papéis sociais ao sexo biológico como destino natural, resultando na produtividade masculina e reprodução feminina. Santos (2018) acrescenta que, no trabalho docente, problemas como falta de reconhecimento, solidão, desrespeito, e sobrecarga exacerbam o adoecimento.
A pesquisa utilizou uma metodologia de caráter básico, voltada para contribuir com o enriquecimento do tema e aumentar o conhecimento sobre o assunto abordado. A pesquisa é qualitativa, utilizando métodos e teorias apropriados para a análise dos dados com o objetivo de produzir conhecimento (Flick, 2004). Para atingir os objetivos, a técnica utilizada foi a entrevista semiestruturada, que se baseia em roteiro pré-determinado. Quanto ao tratamento e análise dos dados qualitativos, foi aplicada a técnica da análise de discurso. Foram entrevistadas 5 docentes de um departamento da área da saúde.
Foi aplicada a análise do discurso e os principais resultados foram: Destaque que, apesar de a maioria acreditar em igualdade de oportunidades na carreira acadêmica, garantidas por resoluções e leis, todas as entrevistadas reconhecem obstáculos que dificultam a progressão, especialmente a maternidade. Na entrevista, as relações no ambiente acadêmico foram analisadas. Apesar de relatos, as entrevistadas consideram que as relações de poder no departamento não geram conflitos de gênero. No entanto, os depoimentos revelam a sub-representação feminina em cargos de comando e pouco status acadêmico.
A pesquisa Relações de Trabalho e Gênero em Carreiras Docentes Femininas, destacou os desafios de conciliar maternidade, responsabilidades familiares e carreira acadêmica. As entrevistadas adiam qualificações e enfrentam sobrecarga de trabalho devido às exigências domésticas, culturalmente atribuídas às mulheres. Apesar de não perceberem claramente diferenças de oportunidades por gênero, reconhecem que responsabilidades pessoais impactam a progressão profissional e a vida familiar. Observa-se uma aceitação passiva das atribuições sociais às mulheres, evidenciando resignação.
ALMEIDA NETO, F. S. D., COSTA, M. D. S., & HELAL, D. H. (2017). Relações de Trabalho e Gênero:Aspectos da desigualdade no mercado de trabalho brasileiro. Cadernos De Estudos Sociais, 31(1), 57–79. Recuperado de https://periodicos.fundaj.gov.br/CAD/article/view/1516
FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa - 2.ed. – Porto Alegre: Bookman, 2004.
SANTOS, S. A. Trabalho Docente no Contexto da Expansão Precarizada: o comprometimento da saúde sob uma perspectiva de gênero. Revista Feminismos, [S. l.], v. 5, n. 1, 2018.