Mulheres na política
Fenômeno Queen Bee
Hierarquia de gênero
Área
Gestão de Pessoas
Tema
As faces da Diversidade
Autores
Nome
1 - Manoel Bastos Gomes Neto PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós-Graduação em Administração
2 - Carolina Maria Mota Santos PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Administração
3 - Antonio Carvalho Neto PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - PPGA
4 - Rebeca da Rocha Grangeiro UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI (UFCA) - Campus Juazeiro - Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Reumo
O contexto político brasileiro detém uma baixa representatividade feminina em posições políticas (aproximadamente 18%, segundo dados do IBGE - 2022) e exibe uma alta frequência de violência de gênero. As mulheres enfrentam barreiras por diferentes agentes (e.g., eleitores, colegas de trabalhos, família), desde o processo eleitoral até a execução de seus projetos quando assumem os cargos (e.g. Fernandes et al., 2021; Fernandes, 2023; Novellino & Toledo, 2018).
Estudos de gênero indicam que ambientes organizacionais tradicionalmente dominados por homens e caracterizados por uma competição intensa são propícios ao surgimento do Fenômeno Queen Bee - FQB (e.g. Faniko et al. 2021; Derks et al., 2016). Desta forma, este estudo teve como objetivo: identificar se as mulheres que atuam no campo político apresentam atitudes típicas do FQB, especificamente a adequação a cultura masculinizada e perpetuam o status quo da hierarquia de gênero.
As mulheres Queen Bee possuem como um dos comportamentos a adequação a cultura masculinizada através da reprodução de características e autodescrição de comportamentos masculinos, percepção de maior comprometimento e realização de mais sacrifícios profissionais que suas colegas (e.g. Faniko et al., 2021; Faniko et al., 2017a; Derks et al., 2011a). Outro comportamento é a legitimação e perpetuação do status quo da hierarquia de gênero através da negação da discriminação e oposição às ações afirmativas de gênero (e.g. Faniko et al., 2017b; Derks et al. 2016).
Foram realizadas 40 entrevistas semiestruturadas com 18 mulheres do Nordeste e 22 do Sudeste que atuam no campo político. As participantes do estudo são mulheres, maiores de 18 anos, com uma idade média de 42 anos, que atuam no campo político na esfera executiva e legislativa.
A análise de dados foi realizada pelo método de Gioia, dividida em três momentos. No primeiro estágio, a codificação dos dados teve início a partir das anotações organizadas durante o trabalho de campo, com ênfase na fidelidade às palavras dos informantes (Gioia et al., 2013). Em seguida, iniciou-se uma fase mais abstrata de exploração e análise de segunda ordem das declarações, envolvendo um processo interativo de confrontação entre os dados e a teoria. Os códigos de segunda ordem foram cruzados com a literatura pertinente, o que permitiu a análise e a construção de dimensões agregadas.
Ainda que as participantes demonstrem a necessidade da adesão a comportamentos mais masculinos, essa adesão pode ser explicada devido ao campo político. As relações do ambiente estabelecerem forte influência nos comportamentos dos indivíduos, somado a pressão que os estereótipos e a segregação de gênero exercem sobre os comportamentos das mulheres. Além disso, as entrevistadas não legitimam a hierarquia de gênero, visto que reconhecem as discriminações e atuam fortemente na defesa das políticas afirmativas.
Faniko, K., Ellemers, N., & Derks, B. (2021). The Queen Bee phenomenon in Academia 15 years after: Does it still exist, and if so, why?. British Journal of Social Psychology, 60(2), 383-399.
Derks, B., Van Laar, C., & Ellemers, N. (2016). The queen bee phenomenon: Why women leaders distance themselves from junior women. The Leadership Quarterly, 27, 456- 469.
Fernandes, C., & Lourenço, M. L. (2023). Lugar de Mulher é... na Política: Reflexões sobre Micro e Macroagressões de Identidades. Journal of Contemporary Administration, 27(5), e220252-e220252.