Home office.
Casais de dupla jornada.
Pandemia da COVID-19.
Área
Estudos Organizacionais
Tema
Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações
Autores
Nome
1 - Simone das Neves Fialho UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY (UNIGRANRIO) - Duque de Caxias
2 - Rejane Prevot Nascimento UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY (UNIGRANRIO) - PPGA
3 - Naiara Tavares da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO (UFRRJ) - Seropédica
4 - Joyce Gonçalves Altaf UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY (UNIGRANRIO) - Caxias
Reumo
O mundo do trabalho vivenciou uma grande remodelagem da forma de se trabalhar, especialmente, pela adoção em massa do home office, em 2020, com a deflagração da pandemia da COVID-19. Em consequência do distanciamento social, os casais de dupla carreira precisaram se ajustar àquela realidade afim de possibilitar a conciliação entre a vida familiar e vida profissional. A presente pesquisa faz uma análise dessa configuração através de casais cujos cônjuges estiveram e/ou permanecem inseridos no mercado de trabalho e que tenham adotado o home office naquele contexto.
Partindo da premissa de que a adoção do home office no contexto pandêmico não ocorreu de forma linear e equitativa entre todos os casais, a questão-problema dessa pesquisa é: Qual a visão de casais de dupla jornada sobre a experiência do home office adotado no contexto da pandemia da COVID-19? Como objetivo busca-se identificar os impactos da nova modalidade de trabalho sobre as formas de conciliação do tempo entre ‘trabalho’ e ‘família’ adotadas pelos casais, assim como sobre as priorizações entre aquelas dimensões.
A sustentação teórica desta pesquisa encontra-se estruturada em quatro pilares. O primeiro pilar resgata o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho e os impactos sobre a noção de família patriarcal. O segundo pilar aborda a divisão sexual do trabalho, na divisão sexual do poder e do saber na sociedade. Após o necessário resgate histórico, o terceiro pilar apresenta os casais de dupla jornada, que são os sujeitos desta pesquisa. Encerrando, o quarto pilar retrata o home office e sua adoção no contexto da pandemia, cenário deste estudo.
A presente pesquisa de campo qualitativa exploratória e descritiva analisa a visão de casais de dupla jornada sobre a experiência do home office vivenciado no contexto da pandemia da COVID-19, utilizando a técnica de entrevista em profundidade semiestruturada aplicada a nove casais. As evidências foram estudadas por meio da análise de conteúdo, tendo como base teórica a tipologia dos casais proposta por Berlato (2015). Foram enfocados casais onde ambos os cônjuges estiveram e/ou permanecem inseridos no mercado de trabalho e que tenham adotado o home office naquele contexto.
Ao se analisar possível influência da Divisão Sexual do Trabalho sobre a visão do home office, verificou-se que os casais que experenciaram impactos na jornada pública e privada, bem como grande aproximação familiar, possuem visão favorável ao home office por entenderem que essa nova organização familiar se revelou positiva tanto para a jornada remunerada quanto para a jornada não remunerada e para o melhor relacionamento familiar. Enquanto os Casais com experiências aproximadas de assimilação exclusiva da jornada adicional de trabalho doméstico pelas mulheres, possuem visões divergentes.
A visão dos casais de dupla jornada enfocados nessa pesquisa não se configurou unânime: há aqueles notadamente favoráveis, bem como o oposto, incluindo, ainda, casais com visão divergente entre os cônjuges. Visão positiva ao home office foi identificada à proximidade da família pelos homens e à melhor conciliação das duas jornadas de trabalho pelas mulheres. Visão desfavorável foi associada aos ‘carreiristas’ que afirmaram sofrer impactos negativos ao seu desempenho profissional a partir do home office, e que salientaram, dentre as desvantagens, a perda do convívio social.
BERLATO, H. The dual Career process in the Brazilian perspective: Unraveling typologies. Revista de Administração, v. 50, n. 4, p. 507–522. 2015.
HIRATA, H.; KERGOAT, D. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, v.37, n.132, p.595-609, set./dez. 2007.
HOCHSCHILD, A. R. The second shift. Working families and revolution at home. United States of America: Penguin Books, 2012.
LOSEKANN, R. G. C. B; MOURÃO, H. C. Desafios do teletrabalho na pandemia COVID- 19: quando o home vira office. Caderno de Administração , v. 28, p. 71-75, 5 jun. 2020.