1 - MICHELE MENEZES PINHEIRO PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós Graduação em Administ - Dom Cabral, Belo Horizonte
2 - Elisa Conceição Lino Braz PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós Graduação em Administ - PPGA
3 - Armindo dos Santos de Sousa Teodósio PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós-Graduação em Administração
Reumo
Este artigo apresenta os resultados de pesquisa realizada com trabalhadores que migraram para sistemas remotos de trabalho, residentes na cidade de Belo Horizonte, especificamente entre junho e julho de 2020, a fim de explorar como mães e pais lidam com os dilemas enfrentados na prática do trabalho remoto durante a pandemia de Covid-19. Na época da coleta de dados, todos os entrevistados mantinham vínculo empregatício com as organizações para as quais trabalhavam e estavam em regime integral de teletrabalho desde março do mesmo ano.
O objetivo central é compreender como mães e pais enfrentam os dilemas originários pela prática do trabalho remoto durante a pandemia de Covid-19. Procurou-se: a) verificar como o trabalho remoto no isolamento social se diferencia do trabalho rPemoto em situações normais; b) identificar as principais dificuldades desse novo modelo de trabalho para mães e pais, analisando as diferenças na percepção das mulheres e dos homens acerca desses desafios; c) analisar os mecanismos organizacionais de controle sobre a nova rotina dos trabalhadores e como os trabalhadores reagem a isso.
Como base teórica, o trabalho se sustenta na discussão sobre teletrabalho, trabalho e espaço do não-trabalho, sobretudo da vida pessoal a partir da pandemia e do trabalho em home office. Também discute-se parentalidade e gênero, bem como o controle do trabalho a partir de sistemas remotos, como fundamentação teórica.
Nos estudos de caso, em especial, a pesquisa se baseia em amostragem teórica e não em amostragem estatística. Os casos devem ser escolhidos para replicar casos anteriores ou ampliar teorias emergentes (Eisenhardt, 1989).Os entrevistados foram escolhidos intencionalmente, portanto, envolveu trabalhadores pais e mães que praticam a modalidade de trabalho remoto em período integral durante o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19. Essas pessoas foram selecionadas pela diversidade de algumas características, como estado civil, gênero e composição familiar, que julgamos relevantes.
Os resultados indicam uma boa adaptação ao trabalho remoto no isolamento, apesar dos dilemas gerados pelo acúmulo de responsabilidades das agendas profissionais e familiares, ocupando o mesmo espaço e temporalidade. Sob a ótica dos mecanismos de controle verificados, a autodisciplina tem sido a peça chave para uma supervisão indireta das empresas.
A conclusão geral do estudo é que o controle sobre o trabalho ganha novas roupagens sob o sistema de teletrabalho, que aprofundam dilemas e paradoxos vivenciados por trabalhadores ao tentar conciliar vida profissional e pessoal nas sociedades contemporâneas
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