Resumo

O contexto da mulher empreendedora na pandemia pode revelar os aspectos positivos e negativos do processo de adaptação tanto nas decisões e conduta empreendedora como pessoal. Para tanto, entende-se que o processo de adaptação ocorre por meio da aprendizagem. Neste estudo, considera-se que aprendizagem é construída na experiência do indivíduo em sociedade, portanto, considera também suas emoções, como o medo por exemplo. Dessa forma, a emoção vivenciada pode resultar na aprendizagem empreendedora influenciando diretamente a tomada de decisão.

Diante desse cenário busca-se responder a seguinte questão de pesquisa: Como o medo está presente na aprendizagem de empreendedoras durante a Pandemia do COVID -19 no Brasil? Dessa forma, este artigo tem o objetivo de analisar o medo na aprendizagem de mulheres empreendedoras durante a Pandemia do COVID -19 no Brasil

O medo pode estar presente em todas as etapas de empreender, porém, por ser uma emoção socialmente considerada negativa, nem sempre é compartilhada. Neste sentido, este estudo se baseia na compreensão do medo relacionando sua relevância no processo de aprendizagem empreendedora feminina de micro e pequenas empresas, como também uma tentativa de incentivar o compartilhar dos medos, diminuindo o fardo a ser carregado pelas empreendedoras.

Realizou-se uma pesquisa qualitativa básica por meio de entrevistas online, ouvindo 12 empreendedoras mulheres do ramo de serviços de alimentação, sendo realizada, em seguida, análise de conteúdo (SALDAÑA, 2016) como técnica de análise de dados. Utilizou-se a análise fenomenológica interpretativa indicada por Gill (2015) para investigar o papel das emoções na aprendizagem empreendedora das entrevistadas.

Identificaram-se como aprendizagens das empreendedoras entrevistadas, levando-se em consideração as suas experiências e os seus medos: aprender a adaptar-se ao uso das tecnologias como meio de comunicação com o cliente; e, aprender a organizar o negócio quanto aos cuidados contra o Covid-19.

O medo na atividade empreendedora, em contexto de crise e frente a decisão por continuar com o negócio, resultou em aprendizagens e decisões assertivas para a sobrevivência do negócio. Essas decisões se baseiam na cautela, em novos arranjos do negócio e nas novas possibilidades. Assim, impactam na qualidade de vida das participantes, ao adotarem as medidas de proteção contra a Covid-19; na qualidade do produto, frente a preocupação com a saúde do cliente e a sustentabilidade financeira do negócio; e, na continuidade do negócio, refletindo para algumas em aumento de vendas.

ANDRADE, J. R. G.; OLAVE, M. E. L. Aprendizagem empreendedora experiencial: estudo de múltiplos casos de pequenos empreendedores sergipanos. Revista da Micro e Pequena Empresa, v. 9, n. 2, p. 44–60, 2015. BARSADE, S. G.; GIBSON, D. E. Why does affect matter in organizations? Academy of Management Perspectives, v. 21, n. 1, p. 36–59, 2007. CACCIOTTI, G. et al. Entrepreneurial fear of failure: Scale development and validation. Journal of Business Venturing, v. 35, n. 5, p. 106041, 2020. POLITIS, D. The Process of Entrepreneurial Learning: A Conceptual Framework. Entrepreneurship Theory and P