Resumo

O trabalho debruça-se sobre o estudo do território e a hospitalidade no Povoado de Radiolândia no Caminho de Cora Coralina em Goiás. Tem-se como objeto a Pousada Jardim das Flores e sua anfitriã, escolhido para contribuir com a compreensão sobre a hospitalidade e o acolhimento nesta localidade. Por meio de pesquisa qualitativa e exploratória, analisamos a hospitalidade em um empreendimento instalado em um espaço rural e as práticas da anfitriã no receber, hospedar e acolher os hóspedes em seu meio de hospedagem no Povoado de Radiolândia.

Pesquisa qualitativa e exploratória, desenvolvida em função da abordagem adotada pelo método de investigação, a etnografia. A pesquisa objetiva investigar a hospitalidade nas relações entre anfitriã e hóspede, considerando as ações de receber, hospedar e acolher da proprietária da Pousada Jardim das Flores, no povoado de Radiolândia, após sua decisão de fazer parte do Caminho como anfitriã em meio de hospedagem.

A fundamentação teórica desse artigo apoia-se em Cruz (2002; 2006) e Saquet (2010) sobre território, desterritorialização e multiterritorialidade. Para a instalação da hospitalidade apresenta autores de diversas escolhas para uma apresentação abrangente, como Lashley (2000, 2007), Lashley, Lynch e Morrison (2007), Causevic e Lynch (2009) e Derrida (2004) e Levinas (2010) para estudar acolhimento. Entrelaçam-se os autores Grassi (2011) e Montandon (2011) com o ritual da hospitalidade de receber até o despedir-se.

O percurso metodológico escolhido para a realização dessa pesquisa considerou que, quanto ao tipo e à abordagem, esta pesquisa é qualitativa, exploratória e de cunho etnográfico. As etapas da pesquisa incluem (i) visita no local, (ii) entrevista, (iii) preparação do material empírico com a transcrição, (iv) devolutiva da transcrição para a entrevistada para que lesse e concordasse novamente com o material transcrito da entrevista e a (v) análise dos resultados.

Discorre-se sobre o território do Povoado de Radiolândia, que se inicia com a doação de terras de um fazendeiro local. Nesse povoado analisa-se a anfitriã e seu relacionamento com os hóspedes na pousada Jardim das Flores, no receber, acolher, hospedar, alimentar e despedir-se dos hóspedes caminhantes, ciclistas ou cavaleiros. Constata-se as práticas da simplicidade do espaço rural, da prestação de apoio e acolhimento ao outro, da alimentação da roça e a disposição em atender as solicitações dos hóspedes.

A hospitalidade é definida pela combinação de vários elementos. Prova disso é que na Pousada Jardim das Flores as práticas da anfitriã comungam com a hospitalidade na recepção ao viajante, no acolhimento, o hospedar, o alimentar até o despedir-se do hóspede. Percebe-se que o espaço rural propicia a hospitalidade por meio da forma de receber, dos pratos preparados, da simplicidade nas atitudes, do ambiente mais tranquilo e acolhedor e da aproximação entre anfitriã e hóspede, que potencializam a hospitalidade.

CAMARGO, L. O. L. Os interstícios da hospitalidade. Rev. Hospitalidade, 2015 CAUSEVIC, S.; LYNCH, P. Hospitality as a human phenomenon: host–guest relationships in a post-conflict setting. Tourism and Hospitality Planning & Development, 2009. CRUZ, R. C. A. Política de turismo e território. SP: Contexto, 2002. LASHLEY, C. In search of hospitality: towards a theoretical framework. International Journal of Hospitality Management, 2000. MONTANDON, A. Espelhos da Hospitalidade. O Livro da Hospitalidade: acolhida do estrangeiro na história e nas culturas, SP: Senac, 2011.