Resumo

Título do Artigo

FLEXITARIANISMO E SUSTENTABILIDADE: uma investigação da redução do consumo de carne à luz da teoria da prática
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Palavras Chave

Flexitarianismo
Teoria da Prática
Sustentabilidade

Área

Marketing

Tema

Cultura e Consumo

Autores

Nome
1 - CINDY LOUREEN BERNARDO LIMA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE
2 - Érica Sobreira
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - Programa de Pós-Graduação em Administração
3 - Áurio Lúcio Leocádio
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - PPAC

Reumo

O consumo de carne a nível global contribui significativamente para problemas ambientais como redução da taxa de biodiversidade, escassez de água doce e mudanças climáticas. Mudanças na dieta que substituam, reduzam ou eliminem o consumo de carne e derivados de origem animal, como as práticas veganas, vegetarianas e flexitarianas, são reconhecidas pela literatura como menos prejudiciais ao planeta. Ao passo que essas dietas têm cada vez mais adeptos, o veganismo e o vegetarianismo têm recebido mais atenção na literatura do que o flexitarianismo, sobretudo quando ligado à sustentabilidade.
O objetivo deste trabalho é investigar, na organização das práticas flexitarianas, suas possíveis contribuições para a sustentabilidade. Para o alcance do mesmo, dois passos foram necessários: primeiro, identificar os elementos das práticas flexitarianas e, em seguida, descrever esses elementos e suas configurações em termos de práticas alimentares sustentáveis.
A maioria dos estudos sobre consumo sustentável têm se mantido em um dos polos da teoria sociológica, ora priorizando agência, ora estrutura. Este trabalho busca outra perspectiva teórica de explicação para mudanças de comportamento em direção à práticas mais sustentáveis, em especial às práticas alimentares, baseada na Teoria das Práticas Sociais para estudar o flexitarianismo. Essa teoria considera que os comportamentos individuais estão enraizados em contextos sociais e institucionais e, muitas vezes, são realizados de maneira habitual, tendo como unidade de análise as práticas sociais.
Um estudo qualitativo exploratório-descritivo foi realizado utilizando diários eletrônicos alimentares registrados por nove sujeitos que estão atualmente reduzindo seu consumo de carne. Os sujeitos foram acompanhados durante sete dias via grupo de WhatsApp com a pesquisadora. Cada sujeito registrou em seu diário, através de fotos, áudios e mensagens escritas, seus momentos de aquisição, preparo e consumo de alimentos e refeições. Em seguida, uma análise de conteúdo foi realizada, segundo modelo de Krippendorff (2004) e categorização de Saldaña (2013), para alcançar os resultados da pesquisa.
Os resultados sugerem que as possíveis contribuições das práticas flexitarianas para a sustentabilidade são no sentido de ter um menor impacto ambiental que uma dieta totalmente onívora, incentivar pequenos produtores e comerciantes locais e de ser culturalmente mais aceitável que dietas totalmente restritivas de carne animal. Apesar disso, ainda há elementos destas práticas que podem ser desfavoráveis à sustentabilidade como algumas barreiras materiais e de significados.
Esta pesquisa teve como objetivo geral investigar, na organização das práticas flexitarianas, suas possíveis contribuições para a sustentabilidade. Foi possível identificar e descrever os elementos mais relevantes para as práticas flexitarianas e explicar, o que, nesses elementos e em seu arranjo, pode contribuir em termos de sustentabilidade para essas práticas. Essas questões vão ao encontro de critérios de dieta sustentável como ter baixo impacto ambiental, otimizar recursos naturais e humanos e respeitar a diversidade e os ecossistemas e ser culturalmente aceitáveis
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