Resumo

O mercado tem levado organizações a ultrapassarem suas fronteiras e se envolverem em relações interorganizacionais, (DhaifAllah et al., 2019), que as oferecem vantagens competitivas, por meio da combinação de recursos e competências dos parceiros (Dekker et al., 2016). Diante das preocupações de coordenação, organizações se utilizam de controles interorganizacionais (Dekker et al., 2019). Relações interorganizacionais que apresentam maior escopo da transação demandam maior necessidade de controle, uma vez que as organizações parceiras são expostas a maior risco (Dekker et al., 2019).

Neste estudo, inclui-se a variável escopo da transação como antecedente de mecanismos de controle interorganizacional e considera-se o risco relacional percebido como variável moderadora. Presume-se que os mecanismos de controle interorganizacional são determinados a partir do escopo da transação e podem ser moderados pelo risco relacional percebido na relação. Assim, o objetivo desta pesquisa é examinar a influência do escopo da transação sobre os mecanismos de controle interorganizacional formal e relacional em relações interorganizacionais e o efeito moderador do risco relacional percebido.

Maior escopo da transação fornece às organizações benefícios, mas também as expõe a maior risco e interdependências a serem gerenciados (Donada et al., 2020), o que implica maiores desafios de monitoramento e coordenação (Mishra et al., 2015). Mecanismos de controle são definidos e empregados em resposta ao risco da relação interorganizacional (Anderson et al., 2015), em que risco e controle estão intrinsicamente ligados (Das & Teng, 2001a) e a percepção de risco possa influenciar de formas diferentes os mecanismos de controle interorganizacional a serem adotados (Ladeira et al., 2012).

A amostra é composta por 85 respostas de profissionais que atuam como responsáveis na relação interorganizacional de empresas fornecedoras com a empresa compradora contactada. Os três construtos da pesquisa foram mensurados com assertivas já validadas por Dekker et al. (2016), Das e Teng (2001b) e Zhou e Xu (2012), a partir de uma escala tipo Likert de sete pontos. A PLS-SEM foi realizada em duas etapas. Inicialmente avaliou-se o modelo de mensuração, de forma a analisar os critérios de validade e confiabilidade dos construtos, de acordo com as suas assertivas (Hair Jr. et al., 2017).

Os resultados suportam as relações positivas do escopo da transação com mecanismos de controle interorganizacional formal e relacional, sendo possível aceitar as hipóteses H1a e H1b. Também foi suportada a hipótese H2a, que prevê moderação do risco relacional percebido na relação entre escopo da transação e mecanismos de interorganizacional controle formal, em contraste com o controle relacional, que não apresentou significância estatística, não suportando a H2b. Se seguida, o modelo estrutural foi avaliado pela análise de caminhos, a partir das relações estipuladas.

Conclui-se que relações interorganizacionais de maior escopo demandam simultaneamente mecanismos de controle interorganizacional, o que indica complementaridade de mecanismos controle interorganizacional formal e relacional. Ademais, em relações interorganizacionais de maior escopo em que é percebido maior risco relacional, a demanda por mecanismos de controle interorganizacional formal é intensificada.

Das, T.K., & Teng, B.S. (1996). Risk types and inter‐firm alliance structures. Journal of Management Studies, 33(6), 827-843. Das, T.K., & Teng, B.S. (2001a). Trust, control, and risk in strategic alliances: an integrated framework. Organization Studies, 22(2), 251-283. Dekker, H., Donada, C., Mothe, C., & Nogatchewsky, G. (2019). Boundary spanner relational behavior and inter-organizational control in supply chain relationships. Industrial Marketing Management, 77, 143-154. Mishra, A., Chandrasekaran, A., & MacCormack, A. (2015). Collaboration in multi-partner R&D projects: The impact of part