Resumo

Os estudos de hospitalidade relacionados ao turismo são recentes no Brasil, tendo como marco inicial os primórdios do século XXI. Dentre os pesquisadores precursores sobre o tema, destaca-se o Professor Luiz Octávio de Lima Camargo, eminente estudioso na área específica do lazer, que instituiu e ampliou as discussões referentes à hospitalidade a diversas áreas de pesquisa, assim como os atores que a envolvem.

Ao discutir-se as bases teóricas nas quais a hospitalidade é um componente, percebe-se uma limitação em sua abrangência, pois centram-se em um elemento básico: o hóspede. Não são contemplados aspectos periféricos, mas intimamente integrados à hospitalidade, na sua discussão, apesar da velocidade em que as modificações de toda a sociedade estão sujeitas. Desta forma, o objetivo deste artigo consiste em corroborar suas considerações em respeito à modernização do conceito em voga, ajustando-o e indicando a necessidade de alinhá-lo, contínua e permanentemente, ao cenário atual.

Camargo defendeu desde o início que o estudo da hospitalidade ampliava o campo de estudos do turismo e da hotelaria, entre outros, pois reelaborava os referenciais teóricos de pesquisa destes campos. Quanto aos tempos e espaços da hospitalidade, Camargo (2003) propõe dois eixos de tempos/espaços: um cultural e outro social. O eixo cultural inclui o ato de recepcionar ou receber; hospedar; alimentar; e divertir pessoas. No eixo social, visto a hospitalidade ser uma instância social, definiu quatro categorias, a saber: a doméstica; a pública; a comercial e a virtual.

Contextualizando e fazendo um paralelo da hospitalidade com o turismo, observamos que a hospitalidade para o turismo é uma ferramenta que pode auxiliar os planejadores a desenvolverem políticas públicas que favoreçam uma melhor experiência dos turistas ao acessarem o diferencial turístico oferecido pela localidade. Os Estudos, as Percepções e os Valores do uso da hospitalidade podem restabelecer um vínculo entre os seres humanos e suas trocas. Atualmente, consideramos que tudo pode ser comercializável mas, no que se refere aos laços estabelecidos entre as pessoas, nem tudo pode ser comprado.

Conceitos foram criados para abranger as diversas tipologias percebidas pelo autor, envolvendo os atos de receber, hospedar, alimentar e entreter. Além disso, foram categorizadas questões referentes à hospitalidade doméstica, pública, comercial e virtual. As pesquisas sobre a hospitalidade fornecem dados e fatos que auxiliam nos processos de tomada de decisão. E isto torna-se indispensável quando os atores principais em sua execução envolvem as pessoas, com suas particularidades e especificidades, seus gostos e percepções, os quais não se limitam ao cliente, ou turista,mas ao trade turístico.

CAMARGO, Luis Otávio de Lima (2003). Os domínios da hospitalidade. In: DENCKER, Ada de Freitas Maneti, Bueno, Marielys Siqueira (Orgs). Hospitalidade: Cenários e oportunidades. São Paulo: Pioneira Thomson Learning. CAMARGO, Luiz Otávio de Lima (2004). Hospitalidade. São Paulo: Aleph. DENCKER, A. de F.; BUENO, M. S. (Org.) (2003). Hospitalidade: cenários e oportunidades. São Paulo: Thompson. MAUSS, Marcel (1974). Sociologia e antropologia. São Paulo: EDUSP. WALKER, John R. (2002). Introdução à hospitalidade. 2. ed. Barueri: Manole.