TECNOESTRESSE, BURNOUT E SATISFAÇÃO NO TRABALHO ENTRE PROFESSORES DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19: a influência direta e indireta das condições facilitadoras
1 - Fernanda Francielle de Oliveira Malaquias UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - PPGA/FAGEN
2 - Renato César de Souza Júnior UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - Faculdade de Gestão e Negócios
Reumo
Conforme apontado por Richter (2020), durante a pandemia o trabalho digital passou a ser o “novo normal”, proporcionando benefícios como flexibilidade, maior autonomia para os trabalhadores e redução de viagens. Entretanto, apesar dos benefícios proporcionados pelas tecnologias tanto para os trabalhadores quanto para as organizações, elas também podem ter um lado "sombrio" conhecido como “dark side” que inclui o estresse causado pelo uso de Tecnologias da Informação (TIs) conhecido como Tecnoestresse (Lee et al., 2014; Suh & Lee, 2017; Ma & Turel, 2019).
A questão que norteia essa pesquisa é: Qual o efeito das condições facilitadoras no tecnoestresse, nos níveis de burnout e na satisfação no trabalho entre professores de instituições federais de ensino? Assim, o objetivo dessa pesquisa é investigar o efeito das condições facilitadoras no tecnoestresse, nos níveis de burnout e na satisfação no trabalho entre professores de instituições federais de ensino durante a pandemia do COVID-19.
Arnetz e Wiholm (1997) definiram tecnoestresse como um “estado de excitação” encontrado em trabalhadores que dependem de computadores durante boa parte do seu trabalho. Tarafdar et al. (2007) estabeleceram um framework com cinco fatores geradores de tecnoestresse, sendo eles a tecno-invasão, a tecno-sobrecarga, a tecno-incerteza, a tecno-insegurança e a tecno-complexidade. Pirkkalainen et al. (2019), o tecnoestresse é um fenômeno organizacional relevante porque pode apresentar efeitos negativos na satisfação no trabalho, na produtividade e no comprometimento organizacional.
A abordagem empregada é predominantemente quantitativa. A amostra é composta por 372 professores e professoras de todas as regiões do Brasil que atuam em instituições federais de ensino. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário online. Após a coleta dos dados, foram utilizadas técnicas de estatística descritiva, tais como média e desvio-padrão para se conhecer as características demográficas dos participantes da pesquisa. Depois disso, foi aplicada a Análise Fatorial Confirmatória e foram utilizados modelos de Equações Estruturais para testar as hipóteses.
Os resultados mostram que mais de 90% dos respondentes fizeram trabalho remoto ou híbrido e passaram a utilizar tecnologias com muita frequência durante a pandemia. Os resultados também mostram que as condições facilitadoras em termos de treinamentos, manuais de instruções e incentivo ao compartilhamento do conhecimento apresentaram um efeito negativo na percepção de tecno-sobrecarga, tecno-complexidade e tecno-invasão. Além disso, os resultados mostram que as condições facilitadoras tiveram um efeito indireto na percepção de burnout e na satisfação no trabalho.
Durante a pandemia, os professores de instituições federais de ensino passaram a trabalhar remotamente. Desta forma, esse estudo foi realizado em um contexto de regime de trabalho remoto sem precedentes na administração pública, ao se considerar a forma em que tal regime de trabalho fora implantado repentinamente e de forma não planejada após o início da pandemia de COVID-19.Os resultados indicam a relevância de ações voltadas para a capacitação dos professores quando há de introduzir novas tecnologias.
Califf, C. B., & Brooks, S. (2020). An empirical study of techno-stressors, literacy facilitation, burnout, and turnover intention as experienced by K-12 teachers. Computers & Education, 157, 1-15.
Suh, A., & Lee, J. (2017). Understanding teleworkers’ Technostress and its influence on job satisfaction. Internet Research, 27(1), 140-159
Tarafdar, M., Tu, Q., Ragu-Nathan, B. S., & Ragu-Nathan, T. S. (2007). The impact of Technostress on role stress and productivity. Journal of management information systems, 24(1), 301-328.