Resumo

Título do Artigo

A BANALIZAÇÃO DO MAL NO CONTROLE (OU INTERMEDIAÇÃO) DE TRABALHADORES POR TICs
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Palavras Chave

Trabalho
Banalização do Mal
Tecnologias de informação e comunicação

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Bem-estar e Mal-estar no trabalho

Autores

Nome
1 - Silvanir Destefani Sartori
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Campus Goiabeiras
2 - Maria Cristina Dadalto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Departamento de Ciências Sociais

Reumo

O advento das tecnologias de informação e comunicação (TICs) foi inicialmente predita como capaz de dizimar os espaços de trabalho. O resultado tem indicado reconfigurações na maneira como o trabalho é executado. Surgiu uma classe que vive do trabalho, discutida nesse artigo, caracterizada pelo controle ou intermediação das TICs. É uma modalidade laborativa que combina maquinicidade e sujeição, com denominações diversas: trabalho digital, online, controlados (ou intermediados) por TICs, ou ainda uberizados.
A modalidade de trabalho discutida possui traços de precarização, no entanto é acompanhada de aquiescência moral coletiva, havendo pouca mobilização coletiva, favorecida por processos de banalização do mal. Com isso, pretendemos nesse artigo compreender o contexto em que se estabelecem trabalhos controlado por TICs que favorecem processos de banalização do mal. Consideramos que eles estão associados a estratégias de distorção comunicacional, nas quais a maioria dos envolvidos se tornam contribuintes, mas poucos ou ninguém se julga responsável por essa contribuição.
A banalização do mal não se inicia por impulsos psicológicos, mas “por manipulação política da ameaça de precarização e exclusão social” (p. 119). Fato que conduz a adesão aos comportamentos normopáticos preconizados na banalidade. De modo que a falta de criticidade de algumas personalidades está na categoria da exceção, é a banalização consolida a adesão coletiva. Essa adesão é propulsada pela propagação de distorções comunicacionais e pela utilização metódica da ameaça, viabilizada em razão do contexto social, político e econômico da globalização (DEJOURS, 2007).
Há uma hegemonia neoliberal que molda as possibilidades de subjetivação e sujeição, utilizando como principal instrumento a comunicação. Coaduna um movimento de simbiose entre a razão neoliberal e as corporações que detém o controle de aplicativos. Eles, se valem da instrumentalização de processos comunicacionais para atacar a democracia, a sociedade e a justiça social. Como efeito, conduzem trabalhadores concidadãos a adesão, senão resignação, face a causa economicista neoliberal.
As contradições existentes na morfologia do trabalho postas em discussão, não se consolidam apenas por aspectos que envolvem a maneira como o trabalho é realizado, mas por questões contextuais de onde o trabalho acontece. Ocorre convergência entre a racionalidade neoliberal, o universo maquínico-informacional digital, e a aquiescência moral coletiva. Essa convergência, favorece uma reconfiguração antropológica da maneira como o trabalho se consolida. É importante definir se os trabalhadores são intermediados ou controlados por aplicativos.
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. BROWN, Wendy. Nas ruínas do neoliberalismo: a ascenção da política antidemocrática no Ocidente. São Paulo: Editora Filosófica Politeia, 2019. DEJOURS, Christophe. A banalização da injustiça social. 7. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2007. SODRÉ, Muniz. A sociedade incivil: mídia, iliberalismo e finanças. Petrópolis: Editora Vozes, 2021.