Resumo

Título do Artigo

Psicodinâmica do trabalho e as articulações de prazer e sofrimento nas relações sociais de gênero
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Palavras Chave

Psicodinâmica do Trabalho
Gênero
Queer

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Mariana Carneiro Fraga
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - Programa de pós-graduação em Administração
2 - Ana Luiza de Souto Silva
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - Asa Norte

Reumo

O trabalho desempenha papel central na sociedade contemporânea, seja pela capacidade de produzir riquezas para fins econômicos, seja no desenvolvimento psíquico e constituição de identidades (Dejours, 2017). Na esteira dos debates científicos que se ocupam de investigar as dinâmicas das realidades laborais, a Psicodinâmica do Trabalho (PDT) constitui-se como uma abordagem teórico-metodológica na qual o trabalho é compreendido como uma categoria ontológica e fonte potencial de prazer e sofrimento (Antloga et al., 2020).
Os estudos que destacam as questões de gênero nas atividades laborais ainda são incipientes no trajetória da PDT. Faltam análises ocupadas em compreender as diferentes perspectivas entre sexo e gênero, e consequentemente, a dinâmica de sofrimento geradas pela compulsoriedade de uma performatividade normativa, ligada às identidades e representações de gênero. Este estudo, em andamento, busca trazer à luz o debate sobre o impacto das dinâmicas de trabalho estruturadas a partir de uma divisão sexual do trabalho em identidades de gênero e sexuais que não possuem uma performatividade normativa.
Desenvolvida por Christophe Dejours, a PDT estuda a inter-relação entre trabalho e saúde, a partir da análise de contextos de trabalho - suas forças visíveis e invisíveis, objetivas e subjetivas, psíquicas, sociais, políticas e econômicas - e o processo de subjetivação individual e coletivo. Recentemente, a problemática de prazer e sofrimento no mundo do trabalho passa a ser desenvolvida a partir de uma concepção dinâmica entre sujeito e sociedade que requer ao mesmo tempo recursar o peso de determinismos sociais e contrapor a ciência do masculino universalizante e esvaziado de subjetividade.
As identidades de gênero e sexuais são um delineamento importante na vida organizacional de indivíduos. Ambos são meios discursivos que estabilizam e perpetuam as estruturas binárias e acabam por reforçar representações (papéis) sociais geradoras de medo e sofrimento quando não consonantes. A partir do conceito de estratégias defensivas, empreendemos a ideia de estratégias defensivas de gênero enquanto subterfúgios passíveis de mascarar identidades transgressoras às normas de gênero em prol do desejo de pertencimento, integração e reconhecimento necessários na prevenção do sofrimento laboral.
Em vistas de enriquecer o debate sobre gênero no ambiente de trabalho, este ensaio se propôs a debater sobre estratégias de enfrentamento de sofrimentos e promoção de prazeres no contexto de trabalho, de modo a identificar aspectos de (des)construção das identidades produzidas no ambiente laboral. Considerando a importância da abordagem da PDT em perceber os diferentes tipos de sofrimentos que ocorrem com homens e mulheres nos ambientes laborais, defendeu-se a utilização de um olhar queer quanto às performatividades das estratégias defensivas de gênero.
Antloga, C. S., Monteiro, R., Maia, M., Porto, M., & Maciel, M. (2020). Trabalho Feminino: Uma Revisão Sistemática da Literatura em Psicodinâmica do Trabalho. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 36(spe). https://doi.org/10.1590/0102.3772e36nspe2 Dejours, C. (2017). Psicodinâmica do trabalho: casos clínicos. Editora Dublinense.