Resumo

Título do Artigo

“A ajuda deve vir de cima, mas de cima só Deus mesmo”: A Trajetória de Carreira de Mulheres Pretas e Empobrecidas Cariocas
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Palavras Chave

Mulheres Pretas e Empobrecidas
Desigualdades Duráveis
Trajetória de Carreira

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Nina Braga Cavalcanti de Albuquerque
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS (FGV) - Rio de Janeiro
2 - Aline dos Santos Barbosa
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ (UNESA) - Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial - MADE/UNESA

Reumo

Os espaços sociais ocupados pelas mulheres pretas quando entrelaçados à aspectos econômicos direcionam à marginalidade das ocupações e ao agravamento das condições sociais, cabendo a elas, essencialmente, subempregos e colocações profissionais de pouco prestígio (INSTITUTO ETHOS, 2016). O PNAD (2019) identificou que mulheres pretas compõem 26% da população do Brasil, e, apesar de serem o grupo de maior volume, é também o que apresenta maior desvantagem social.
São escassos os estudos que trataram do fenômeno acerca da trajetória de carreira das mulheres pretas e empobrecidas, apesar deste grupo ter relevante representatividade na pirâmide demográfica mundial. A carreira, enquanto instrumento viabilizador de mobilidade social, quando negligenciada por ações públicas, perpetua lacunas sociais, como no caso das mulheres pretas e empobrecidas. Diante deste contexto, nosso objetivo foi o de analisar a trajetória de carreira de mulheres cariocas pretas e empobrecidas cariocas.
Utilizamos as teorias de Carreiras Contemporâneas em Sullivan e Baruch (2009), Crenshaw (1994), com a Teoria da Interseccionalidade e Tilly e Tilly (2000) para falarmos de Desigualdades Duráveis.
Esta pesquisa pautou-se na filosofia interpretativista (BURREL & MORGAN, 1994). Como escolha metodológica, optamos pela abordagem indutiva qualitativa por meio de entrevistas em profundidade e análise documental para tratarmos da relação sujeito x objeto do estudo (STAKE, 2011). Os dados foram analisados com base na codificação aberta, axial e seletiva (STRAUSS & CORBIN, 1994).
Como resultados destacamos que a vulnerabilidade acorrentada às questões raciais, de classe e gênero transforma a vida das mulheres pretas e empobrecidas em tensões diárias pela sobrevivência, e a dificuldade e instabilidade no desenvolvimento linear de uma carreira traz ainda mais inseguranças tendo em vista que, para essas mulheres, a carreira está diretamente relacionada com a subsistência própria e da família. Perspectivas positivas ligadas à carreira, na visão das entrevistadas, é a possibilidade de mobilidade social que refletem em mais acesso à recursos de qualidade.
Como resultados principais, destacamos que as ações públicas têm de demonstrado pouco eficazes na superação das desigualdades categóricas, demonstradas pela presente assimetria no acesso às oportunidades, ressaltando as diferenças entre os grupos sociais, tornando tais desigualdades cada vez mais fortalecidas diante do contexto social. Além disso, as ONGs, são reconhecidas como importante ator na busca por emancipação e autonomia, por meio da capacitação e incentivo de diversos caminhos possíveis para a carreira destas mulheres pretas e empobrecidas cariocas.
CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 171-188, 2002. DAVIS, Ângela. Mulher, Raça e Classe. New York: Random House Inc, 1981. TILLY, C. e TILLY, C. Work under capitalism. Boulder: Westview Press, 2000. SULLIVAN, Sherry E.; BARUCH, Yehuda. Advances in career theory and research: A critical review and agenda for future exploration. Journal of management, v. 35, n. 6, p. 1542-1571, 2009.