Resumo

A atenção plena pode ser vista como um ponto de partida para lidar com as crescentes e cada vez mais voláteis demandas dos locais de trabalho atuais (Soucek et al., 2018). É crescente a abordagem de pesquisa em mindfulness no escopo da ciência organizacional, não obstante poucos estudos desenvolveram uma análise abrangente e integrativa sobre o estado da arte do mindfulness no contexto organizacional.

Esse artigo tem como objetivo realizar uma revisão bibliométrica sobre mindfulness, em artigos da área de negócios disponíveis nas bases Scopus e Web of Science, de modo a identificar pontos de avanços metodológicos e teóricos, bem como aspectos de convergência e lacunas para proposições a uma agenda de pesquisa. Para cumprir o objetivo as seguintes questões de pesquisa são articuladas: (1) Qual é a tendência de publicação sobre mindfulness? (2) Quais informações são extraídas dessas tendências? (3) Quais as direções futuras sobre os estudos de mindfulness no contexto organizacional?

Pesquisas sobre mindfulness cresceram rapidamente na psicologia e no comportamento organizacional. Contrariando a ideia de muitas pessoas, o mindfulness não é algo misterioso ou místico, mas sim um processo que pode ser medido de forma confiável e válida, ligado a uma série de resultados individuais e organizacionais e induzido por meio práticas e processos meditativos e não meditativos nos níveis individual e coletivo (Sutcliffe et al., 2016).

A abordagem metodológica empregada foi mista, envolvendo abordagem quantitativa com a análise bibliométrica e cientométrica a partir da utilização do RStudio com Biblioshiny, análise de relevância de acordo com as palavras-chave a partir do software Start, e abordagem qualitativa por meio do mapeamento conceitual dos artigos selecionados pelo software Start.

Os resultados revelam uma tendência de crescimento sobre o assunto nos últimos cinco anos, bem como um aumento das evidências e robustez dos trabalhos. Foi possível também identificar colaboração entre autores de diversos países, principalmente do norte global. Caracterizou-se os trabalhos em grupos temáticos e foram apontados uma série de direções para futuros trabalhos, para a atenção plena individual e organizacional, bem como para relação entre essas duas dimensões.

Os estudos analisados trazem achados de um efeito moderador positivo do mindfulness tanto no nível individual, quanto no nível coletivo do ambiente de trabalho. As principais limitações apresentadas correspondem a existência de possíveis vieses dos participantes, as variações de duração, tipo e forma de meditação empregadas, dificultando a generalização dos resultados, o que fomenta a demanda por estudos experimentais com grupos de controle, em diferentes contextos e perspectivas.

Soucek, R., Ziegler, M., Schlett, C., & Pauls, N. (2018). Mindfulness in the organizational context: The influence of individual and organizational mindfulness on resilient behavior, psychological well-being, and work engagement 49(2), 129–138. Sutcliffe, K. M., Vogus, T. J., & Dane, E. (2016). Mindfulness in Organizations: A Cross-Level Review. Annual Review of Organizational Psychology and Organizational Behavior, 3(1), 55–81.