Resumo

Título do Artigo

EMPODERAMENTO FEMININO: UMA PRÁTICA SOCIAL CONTROVERSA
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Palavras Chave

Gênero
disparidade salarial
construção social

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Fabiana Regina Veloso
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ (UNIOESTE) - Unioeste
2 - Fabricio Stocker
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA USP
3 - Hélio Arthur Reis Irigaray
Fundacao Getulio Vargas/EBAPE - EBAPE

Reumo

O discurso recente sobre empoderamento feminino para as reflexões de gênero, vinculadas ao contexto histórico das transformações sociais que colocam a mulher diante de novas formas de organização social. Alguns dos principais destaques trazem os movimentos sociais e civis na reflexão sobre condições humanas na sociedade, passando a questionar a atuação feminina no mercado de trabalho. A discussão recai nos estudos sobre a trajetória profissional e educacional da mulher e sua condição na equidade de direitos nas relações de trabalho e na ascensão aos cargos de poder nas organizações.
A temática parte das discussões teóricas e contextuais dos estudos organizacionais, reforçando o argumento de que as construções históricas foram essenciais à concepção de empoderamento feminino nas suas mais diversas abordagens. Para além da história, várias relações podem ser estabelecidas na análise da efetividade destas práticas no contexto organizacional. Frente a estas reflexões, o que se busca responder com este estudo é: como a ascensão a cargos de chefia e a equiparação salarial se relacionam com a construção social da prática de empoderamento feminino no contexto brasileiro?
Ao observar o fenômeno pela abordagem das práticas socialmente concebidas (Gherardi, 2016), é possível compreender que a história das transformações sociais impactou sobre a atuação da mulher no contexto das organizações. Analisando a construção social brasileira sobre gênero, pode-se recorrer a Bruschini (2007) que demonstra com dados estatísticos a constância do aumento da participação feminina no mercado de trabalho. No entanto, Os discursos históricos mostram a inserção da mulher no ambiente das organizações ocupando atividades secundárias (Truss et al., 2013).
A operacionalização desta pesquisa pretende-se retratar o cenário dos cargos de chefia registrados na RAIS – Relação Anual de Informações Sociais, nos oito principais segmentos classificados pelo CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas. Com este quadro, desenvolve-se uma análise qualitativa a fim de questionar em que medida a realidade brasileira do período de dez anos (2007 a 2016) sustenta ou contrapõe os argumentos defendidos na construção desta prática social.
A partir dos dados apresentados foi possível observar que, de um modo geral, as mulheres têm assumido mais cargos de chefia, comparativamente aos homens, embora ainda prevaleça a maioria masculina nestes cargos. Do mesmo modo é possível perceber que em alguns setores da economia essa ascensão é mais lenta que em outros. Mas um dado que se reforça é a manutenção desta realidade, percebida pela linha de tendência. Pode-se ainda inferir que não há uma perspectiva de que nos próximos dez anos esses percentuais sejam reduzidos, e os cargos de chefia permanecerão maior com homens.
Ao resgatar a concepção construcionista sobre as práticas sociais de Gherardi (2016; 2017), é preciso compreender as práticas sociais na sua realidade situada, pois, é neste contexto situado que a prática acontece como possibilidade e como realização. Ou seja, embora os quadros mais amplos mostrem indicativos de como as negociações possibilitaram e promulgaram modos de se conceber o empoderamento feminino, é no cotidiano da participação dos sujeitos que se torna possível compreender as razões e justificativas para a concretização dos modos de ser e de fazer que ali acontecem.
Bruni, A., Gherardi, S., & Poggio, B. (2004). Doing gender, doing entrepreneurship: An ethnographic account of intertwined practices. Gender, Work & Organization, 11(4), 406-429. Gherardi, S. (1996). Gendered organizational cultures: narratives of women travellers in a male world. Gender, Work & Organization, 3(4), 187-201. Madalozzo, R. (2011). CEOs e Composiçao do Conselho de Administraçao: a falta de identificaçao pode ser motivo para existência de teto de vidro para mulheres no Brasil?. Revista de Administração Contemporânea, 15(1), 126-137