Resumo

A crise humanitária relacionada ao surto de COVID-19 apresenta desafios sem precedentes para a comunidade com a qual todos - governos, empresas, organizações em geral e cidadãos - estão enfrentando diuturnamente. A principal forma encontrada até o momento para diminuir o contágio e a propagação da doença é pedir que as pessoas fiquem em casa e mantenha distanciamento social. A pesquisa se utilizará da TCDP para explicar à intenção comportamental como resultado de três variáveis: a atitude de uma pessoa em relação ao comportamento; sua norma subjetiva; e a percepção de controle comportamental.

A questão central deste estudo é: os brasileiros e portugueses durante a pandemia do COVID-19 têm comportamentos similares com relação aos antecedentes da intenção de ficar em casa? Para responder essa questão elegeu-se como objetivo geral analisar a influência da atitude, normas sociais e controle percebido na intenção de ficar em casa comparando Brasil com Portugal. De tal forma, que a teoria do comportamento planejado decomposta (TCDP) será a base deste trabalho. Além disso, será perscrutado a influência do boca-a-boca na intenção de ficar em casa.

A teoria do comportamento planejado decomposta (TCPD) originou-se da teoria do comportamento planejado e da teoria da ação racional. O estudo utiliza a TCPD para analisar e medir as relações dos construtos: consciência de saúde; conhecimento de saúde; comportamento pró-social; opinião da família e amigos; opinião do governo e da ciência; poder ficar em casa; percepção de benefício; percepção de contribuição e o WOM. Essa teoria permitiu o surgimento de treze hipóteses que testam a predição entre os construtos apoiados nos autores Garay, Font e Corrons (2019), Tsai, Hung e Yang (2020) e outros.

Estudo descritivo de corte transversal, por meio das redes sociais com uso da técnica snow ball com 426 brasileiros e 154 portugueses sendo uma amostra não probabilistica de conveniência. O teste das 13 hipóteses se deu no ambiente da análise de multigrupos onde adotou-se que H₀ (brasileiros) = (portugueses) vs H₁ (brasileiros) ≠ (portugueses) para um α = 0,05, sendo Z > 1,65. Recorreu-se a modelagem de equações estruturais (MEE) para análise do modelo de mensuração com aplicação da análise fatorial confirmatória (AFC) com uso do software AMOS (MARÔCO, 2010; HAIR et al., 2009).

Brasileiros e portugueses 59% e 59% eram do sexo feminino, 54% e 72% têm idade entre 18 e 45 anos, 68% e 57% não pararam de trabalhar durante a pandemia. Realizou-se mensuração de cada construto quanto a unidimensionalidade e a confiabilidade atendendo a literatura e em seguida obteve-se: CMIN/DF = 2,901; CFI = 0,916; GFI = 0,808; NFI = 0,877 e o RMSEA = 0,057 são valores adequados, o modelo estrutural: CMIN/DF = 3,103; CFI = 0,904; GFI = 0,787; NFI = 0,865 e o RMSEA = 0,060. As hipóteses H3, H5, H9, H10, H11, H12 e H13 foram aceitas em ambos os países para um α = 0,05, sendo Z > 1,65.

A pesquisa teve como objetivo geral analisar a influência da atitude, normas sociais e controle percebido na intenção de ficar em casa comparando Brasil com Portugal. O objetivo foi atendido uma vez que se identificou que o controle percebido é a principal variável que influencia à intenção de ficar em casa, tanto em Portugal como no Brasil. Além do controle percebido o boca-a-boca também teve efeito significante. Para o Brasil a atitude também influencia a intenção de ficar em casa e não foi encontrado efeito das normas sociais em nenhum dos dois países.

GARAY, Lluís; FONT, Xavier; CORRONS, August. Sustainability-oriented innovation in tourism: An analysis based on the decomposed theory of planned behavior. Journal of Travel Research, v. 58, n. 4, p. 622-636, 2019. HAIR, Joseph F. et al. Análise multivariada de dados. Bookman editora, 2009. MARÔCO, João. Análise de equações estruturais: Fundamentos teóricos, software & aplicações. ReportNumber, Lda, 2010. TSAI, Juin-Ming; HUNG, Shiu-Wan; YANG, Ting-Ting. In pursuit of goodwill? The cross-level effects of social enterprise consumer behaviours. Journal of Business Research, v. 109, p. 350-361, 2