Resumo

Título do Artigo

MANDA MAIS QUEM FALA MAIS ALTO? OS CAPITAIS MOVIMENTADOS NAS DECISÕES ESTATAIS EM CONTEXTO DE PANDEMIA
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Palavras Chave

Pandemia
Capitais
Decisões

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Aprendizagem nas Organizações

Autores

Nome
1 - Beatriz Lima Zanoni
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - Centro de Estudos Sociais Aplicados
2 - FABIOLA CALDEIRA DE MEDEIROS ROCHA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - CEPPAD

Reumo

A COVID-19 é interpretado enquanto um fenômeno que exige uma gestão de risco corretiva e prospectiva, bem como uma governança estruturada para o seu enfrentamento (CEPEDES, 2020). Diante do desalinhamento das decisões dos agentes do campo político brasileiro nesse contexto, utiliza-se a sociologia bourdieusiana enquanto lente teórica. As decisões são compreendidas enquanto práticas socialmente construídas, que guiadas tanto por aspectos objetivos, quanto subjetivos, envolvem interesses políticos fundamentados em disputas por poder, e implicam na movimentação de capitais (BOURDIEU, 2012).
Compreender os capitais movimentados nas decisões estratégicas tomadas pelos governos estaduais e federal no Brasil, em contexto de pandemia, a partir das lentes advindas da sociologia de Pierre Bourdieu.
As decisões não seguem um fluxo linear de problema e análise das possíveis soluções (COHEN, MARCH, OLSEN, 1972), ontologicamente entende-se as decisões como uma série de atos pré-definidos e interligados. Estas constituem-se de elementos não fixos, considerados reificações de uma realidade em constante (re)constituição (POOLE; SCOTT; VAN DE VEN, 2010). Nesta pesquisa as decisões são interpretadas enquanto práticas sociais que acontecem no campo – espaço micro, social e hierarquizado – onde a partir da movimentação de capitais se estabelece uma disputa por poder (BOURDIEU, 2012).
A pesquisa orientou-se por uma abordagem qualitativa, por destacar o interesse na compreensão das relações sociais, e descritiva devido a intenção de apresentar como uma teoria existente pode ser enxergada a partir de exemplo específico. Neste sentido, à nível empírico optou-se pelo estudo de caso, que permite a compreensão da relação entre o fenômeno e seu contexto. Foi realizada uma pesquisa documental multimodal – nove documentos – e os dados extraídos destes foram trabalhados a partir da análise de narrativas (CZARNIAWASKA-JOERGES, 1995).
No campo analisado estabeleceu-se uma luta por poder entre os agentes (representantes – Governo Federal versus representados – Governadores), que pautados em (di)visões, orientam-se por valores pessoais e evidências científicas, respectivamente. Diante do cenário desordenado e desarticulado, entende-se que as decisões tomadas envolveram a movimentação dos capitais social, político e econômico. O poder em disputa, no entanto, foi associado à capacidade dos agentes de elaborar, mobilizar e veicular discursos, isto é, envolveu a movimentação do capital linguístico (BOURDIEU, 2012).
Na disputa por quem fala mais alto, ou seja, na disputa entre aqueles que buscam movimentar o capital linguístico em busca de poder, a decisão é compreendida tanto como uma prática objetivada pelos agentes do campo político, quanto como um instrumento simbólico de disputa que declara e reforça o monopólio do poder no campo. Neste sentido, a maneira como o Presidente da República enquanto agente detentor do poder, movimenta seu capital linguístico, reflete sua autorização de disseminar a doxa em contexto de pandemia.
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. CEPEDES. Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde. A gestão de riscos e governança na pandemia por Covid-19 no Brasil. Análise dos decretos estaduais no primeiro mês. ENESP. Maio 2020. Relatório Técnico e Sumário Executivo COHEN, M. D., MARCH, J. G., OLSEN, J. P. A Garbage Can Model of Organizational Choice. Administrative Science Quarterly, v. 17, n. 1, p. 1-25, 1972. CZARNIAWASKA-JOERGES, B. Narration or Science? Collapsing the Division in Organization Studies. Organization, v. 2, n. 1, 1995.