Resumo

No contexto organizacional, pessoas acreditam que uma troca de promessas implícita ou declarada é feita, associada a um retorno futuro a partir de uma contribuição que é dada, constituindo a base do contrato psicológico. Quando um dos envolvidos percebe que uma obrigação/promessa não foi cumprida pela outra parte, tem-se uma violação do contrato psicológico e possibilidade de que o indivíduo tenha redução de desempenho e/ou deixe a organização.

Uma vez que não são identificados estudos no país que observem o contrato psicológico para além da perspectiva de emprego formal e dada a relevância do trabalho voluntário para o terceiro setor, assim como suas características intrínsecas, a presente pesquisa tem como objetivo identificar aspectos relacionados à construção e à ruptura ou violação do contrato psicológico de voluntários do terceiro setor.

As partes envolvidas em um contrato psicológico acreditam que realizaram promessas e que ambas as partes concordaram com os mesmos termos do contrato. Contudo, isso não quer dizer obrigatoriamente que compartilham do mesmo entendimento a respeito de todos os seus termos (Robinson & Rousseau, 1994). Na literatura, poucos estudos investigam a teoria do contrato psicológico em organizações sem fins lucrativos, contudo, Farmer e Fedor (1999) evidenciam que os contratos psicológicos são importantes para os voluntários e exercem um importante papel na compreensão de suas atividades.

A pesquisa possui abordagem qualitativa, sendo conduzida a partir de entrevistas semi-estruturadas com 6 voluntários e 6 ex-voluntários de organizações do terceiro setor da cidade de João Pessoa, Paraíba, que foram transcritas e analisadas por meio de análise de conteúdo.

A maioria dos entrevistados indica que o retorno esperado da atividade voluntária reside da satisfação percebida do impacto social positivo causado diretamente de sua atividade. Um dos principais aspectos é a percepção de estar sendo útil à organização em que está inserido, contribuindo para a realização de seus objetivos, e sendo útil para a sociedade de maneira geral. Além disso, todos os participantes declararam como um fator importante serem tratados de maneira justa dentro da organização.

Entende-se que em geral, no contexto da atividade voluntária em pequenas ONGs, o retorno esperado não está ligado ao que a organização pode proporcionar ao voluntário, mas o que essa pode proporcionar de bem-estar social ao alcançar seus objetivos. Assim, é o foco nos ideais centrais e objetivos o principal elemento envolvido no contrato psicológico de voluntários.

Farmer, S. M., & Fedor, D. B. (1999). Volunteer participation and withdrawal. Nonprofit Management and Leadership, 9(4), 349-368. Robinson, S. L., & Rousseau, D. M. (1994). Violating the psychological contract: Not the exception but the norm. Journal of organizational behavior, 15(3), 245-259. Vantilborgh, T., Bidee, J., Pepermans, R., Willems, J., Huybrechts, G., & Jegers, M. (2014). Effects of ideological and relational psychological contract breach and fulfilment on volunteers’ work effort. European Journal of Work and Organizational Psychology, 23(2), 217-230.