Resumo

Algumas empresas passaram a demonstrar para a sociedade que, além de realizarem suas atividades, elas também se preocupam com o ambiente em que atuam (BEUREN; GUBIANI; SOARES, 2013), começando a desenvolver uma responsabilidade maior com relação à sociedade, prestando conta dos recursos utilizados de modo a passar a divulgar informações através de outros relatórios (NIYAMA, 2014). Nesse cenário, o Relato Integrado (RI) pode ser considerado como o novo sistema de comunicação que representa todas as informações (financeiras e não financeiras) combinadas em um único relatório (IIRC, 2013).

A presente pesquisa busca responder ao seguinte questionamento: Quais são os setores econômicos que se destacam frente à divulgação de informações dos capitais não financeiros do Relato Integrado? De modo a identificar a divulgação das informações referentes aos capitais não financeiros do RI, a partir do seu framework publicado em dezembro de 2013, considerando empresas mundiais de diferentes setores econômicos extraídas da “Examples Database” do Integrated Reporting , abrangendo o período de 2014 a 2018 (anos posteriores a publicação do framework).

O RI surgiu com a preocupação da ligação entre a informação financeira e não financeira. O aspecto relevante é a conciliação entre os relatórios de modo a elaborar ou dispor de um todo coerente, completo e claro. O RI além de ser uma forma de divulgação da informação das empresas, é um contributo para o aumento do rigor no controle interno das informações não financeiras que dão contributo à criação de valor. Essa nova abordagem de relato respeita às necessidades de alguns stakeholders em crescimento gradual, perante as informações requeridas por eles (PEREIRA, 2016).

A abordagem apresenta-se como qualitativa e quantitativa. De maneira qualitativa, foram identificadas as informações não financeiras de acordo com cada capital (natural; humano; social e de relacionamento; e intelectual), a partir de um checklist de palavras-chave conforme os indicadores-chaves de desempenho. Após esse levantamento, de forma quantitativa, foram calculadas as divulgações para o período temporal considerado na pesquisa (2014 – 2018). A amostra foi delimitada a 163 (cento e sessenta e três) empresas listadas na “Examples Database” do próprio Integrated Reporting .

De modo a comparar os resultados de acordo com a divulgação voluntária dos capitais não financeiros, considerando os diferentes setores econômicos. Observa-se que entre todos os capitais não financeiros e setores econômicos analisados, 3 (três) setores se destacaram com as maiores médias no que se refere à divulgação voluntária de informações que compreendem os indicadores não financeiros do RI. Assim, de acordo com esta pesquisa, as empresas da amostra, disponíveis na “Examples Database” do próprio Integrated Reporting , divulgaram nem que seja uma informação referente aos indicadores.

Pode-se concluir que a divulgação voluntária de informações não financeiras oriundas dos relatórios organizacionais procede do interesse das organizações; onde estas informações poderão se tornar interessantes se relacionada ao contato com as partes interessadas diante da divulgação incluída nos relatórios organizacionais. De modo geral, observa-se que o setor (3) energia foi o único que se destacou com as maiores médias nos 4 (quatro) capitais não financeiros. Os outros 2 (dois) setores, (7) saúde e (9) utilidade pública, se destacaram com as maiores médias em 2 (dois) capitais, cada setor.

BEUREN, I. M.; GUBIANI, C. A.; SOARES, M. Estratégias de legitimidade de Suchman evidenciadas nos relatórios da administração de empresas públicas do setor elétrico. Revista de Administração Pública, v. 47, n. 4, p. 849-875, 2013. NIYAMA, J. K. Teoria avançada da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2014. INTERNATIONAL INTEGRATED REPORTING COUNCIL (IIRC). Integrated Reporting . 2013. PEREIRA, D. A. C. Relato Integrado: Utopia ou Realidade. 2016. Dissertação (Mestrado em Contabilidade e Finanças) - Universidade de Setúbal, 2016.