Resumo

Título do Artigo

O EMPREGO DAS MÍDIAS SOCIAIS NO POLICIAMENTO: UM ESTUDO SOB A LENTE DA PRÁTICA
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Palavras Chave

Polícia
Tecnologia em Uso
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Área

Administração Pública

Tema

Relação Governo-Sociedade: Transparência, Accountability e Participação

Autores

Nome
1 - Mirian Assumpção Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO (UFOP) - DEGEP
2 - Maria Alexandra Cunha
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - TDS - Tecnologia e Data Science

Reumo

Há um ponto anterior na discussão sobre o emprego das MS pela polícia. Ao invés de iniciar a pesquisa assumindo que as MS são empregadas para evoluir e melhorar a relação com o cidadão em uma determinada estratégia de policiamento, é necessário primeiro compreender como e para que as MS estão sendo utilizadas pelo(a)s policiais. Daí é possível problematizar se, da maneira como esse uso tem se dado, há mudanças na prática policial e na relação da polícia com o cidadão. Os estudos nesse campo ainda são incipientes e pouco conclusivos para demonstrar a eficácia das MS no policiamento comunitário
O problema central: Como e para que as mídias sociais são empregadas no policiamento? O objetivo geral é explicar de que forma e com que finalidade as mídias sociais são empregadas no policiamento sob a lente da prática. Objetivos específicos: 1) Identificar tipos e atributos das MS empregadas no policiamento; 2) Identificar o que os policiais fazem com as MS em suas atividades diárias e como as regras e recursos estruturam esse uso; 3) Explicitar a contribuição de uma abordagem baseada na prática para o entendimento do emprego das MS em organizações policiais.
A lente da prática representa uma importante perspectiva analítica porque implica uma compreensão teoricamente fundamentada dessa interação recursiva dos atores entre si e com os materiais (Orlikowski, 2015). Nessa direção, a Teoria da Estruturação (TE) (Giddens, 2009) e a Teoria Ator-Rede (TAR) (Callon, 1986; Latour, 1999), aqui utilizadas como lente teórica, assentam-se em um paradigma interpretativista que permite examinar processos e práticas organizacionais a partir de uma visão sociotécnica das redes de conexões empreendidas por atores humanos e não humanos.
Investigação qualitativa interpretativista (Creswell, 2014), pois nessa perspectiva a realidade é socialmente construída. A metodologia utilizada foi o estudo de caso construtivista (Langley & Abdallah, 2011) instrumental (Stake, 2005), focalizando uma questão específica em relação ao fenômeno ao invés do caso em si. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas, observação participante e documentos. A análise se deu por meio de narrativa (Langley, 1999; Fenton, & Langley, 2008) e de codificação (Corley, & Gioia, 2004; Strauss, & Corbin, 2008) com auxílio do software Atlas TI.
Os conceitos, temas e dimensões estão representados em um esquema de codificação proposto por Corley e Gioia (2004). As MS são empregadas no policiamento como fonte aberta de dados. Quanto a finalidade, são empregadas na comunicação institucional, para fortalecimento da imagem e na comunicação interna para agilizar os fluxos informativos. Também, para redução das lacunas de informação possibilitando o acesso imediato a dados. As MS funcionam como um amálgama reduzindo distâncias geográficas e hierárquicas contribuindo para o fortalecimento do espírito de corpo.
Os resultados mostraram que essas tecnologias são empregadas no policiamento como fonte aberta de dados para o combate à criminalidade e para o fortalecimento da imagem institucional. Isso contradiz a crescente utilização dessas ferramentas para aumentar a participação, o engajamento e a legitimidade da polícia junto à comunidade. Esses achados contribuem para este campo de estudo ainda em construção, expandindo o conhecimento sobre a maneira como as fontes abertas de dados intensificam o sentido de missão e o espírito de corpo na direção das práticas reativas do policiamento tradicional.
Corley, K. G., & Gioia, D. A. (2004). Identity ambiguity and change in the wake of a corporate spin-off. Administrative science quarterly, 49(2), 173 Giddens, A. (2009). A constituição da sociedade (3ª ed.). São Paulo: Martins Fontes Latour, B. (1999) ‘On Recalling ANT’, in J. Law and J. Hassard (eds) Actor Network Theory and After, pp. 15–26. Oxford: Blackwell/The Sociological Review. Manning, P. K. (2003). As tecnologias de informação e a polícia. TONRY, Michael. Orlikowski, W. J. (2000). Using Technology and Constituting Structures: A Practice Lens for Studying Technology in Organizations.