Liderança como prática (leadership-as-practice)
Gabriel Tarde
Ensaio teórico
Área
Estudos Organizacionais
Tema
Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais
Autores
Nome
1 - Tarsila Santos Ribeiro PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (PUC-RIO) - Gávea
Reumo
Apesar da crescente literatura processual, dinâmica e relacional do fenômeno de liderança, bem como das convergências conceituais entre o pensamento de Tarde e o fenômeno, no contexto dos movimentos sociais, poucos estudos parecem considerar questões relativas ao agenciamento social da liderança e a existência de atributos de mobilização social em sua produção, o que contribui para o desconhecimento das dinâmicas processuais do fenômeno, em termos de sua produção e emergência.
“Quais são as convergências conceituais possíveis entre o fenômeno de liderança como prática (‘leadership-as-practice’) e o pensamento sociológico de Gabriel Tarde, no contexto dos movimentos sociais contemporâneos?”. O objetivo deste ensaio teórico é revisitar o fenômeno de liderança no contexto dos movimentos sociais contemporâneos à luz das contribuições de Tarde, a partir de sua obra Monadologia e sociologia, com vistas ao desenvolvimento e à extensão teórica de suas abordagens.
Tarde argumenta a favor da ‘ontologia do ter’, como uma metafísica, que busca definir os diversos aspectos da experiência do sujeito por suas propriedades diferenciais, suas zonas de potência que não teriam outra regulação senão as relações instáveis das mônadas. Portanto, a estrutura da realidade, nesta modalidade ontológica, não seria um realismo nem um relativismo, mas um relacionalismo – a verdade do relativo é a relação, a sociedade emerge e se reproduz através da atuação política, das ações que os sujeitos exercem uns sobre os outros.
Problematizando o privilégio das identidades, Tarde contribui para o entendimento do agenciamento social da liderança ao submetê-lo à um pensamento que integra agência-estrutura-prática em um processo intersubjetivo efêmero e coletivo, desenvolvendo a teorização na direção da agência social da liderança e da influência de suas práticas nos processos organizativos. Tarde também contribui para o entendimento dos atributos de mobilização social na produção do fenômeno ao submetê-lo ao mesmo pensamento integrativo, estendendo a teorização no contexto dos movimentos sociais contemporâneos.
Tarde fornece a força teórica necessária para integração das fronteiras entre os níveis individual e social de organização analítica do socius, reestabelecendo os vínculos sociais a partir das relações estabelecidas entre unidades relacionais, cujas subjetividades são construídas mutualmente a partir de suas diferenças.
TARDE, G. Monadologia e sociologia. In: VARGAS, E. (Ed.) Monadologia e sociologia – e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
ALLIEZ, É. Gabriel Tarde. In: JONES, G.; ROFFE, J. (Eds.) Deleuze’s philosophical lineage. London: Edinburgh University Press, 2009.
LATOUR, B. Gabriel Tarde and the end of the social. In: JOYCE, P. (Ed.) The social in question: new bearings in history and the social sciences. London: Routledge, 2002.
VARGAS, E. Gabriel Tarde e a diferença infinitesimal. In: Idem (Ed.) Monadologia e sociologia – e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2007.