Resumo

Título do Artigo

Prazer e Sofrimento no Trabalho no Setor Público: resultados e reflexões sobre revalidação das escalas
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Palavras Chave

Prazer e Sofrimento
Resiliência
Vínculos Organizacionais

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - Fabio Faiad Bottini
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Face
2 - Kely César Martins de Paiva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - CEPEAD
3 - Michelle de Souza Rocha
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - FACE
4 - Thaís Pinto da Rocha Torres
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - CEPEAD

Reumo

A administração pública, no Brasil, tornou-se contexto alvo de crescentes discussões sobre tamanho, legitimidade, eficiência e desempenho do Estado (FILARDI; CASTRO; ZANINI, 2020). Ela também tem sido amplamente indagada em relação a ineficiências, decorrentes de um forte aparato burocrático e do insuficiente comprometimento de dirigentes e servidores (VIDAL; RODRIGUES, 2016). Estes últimos podem estar sendo afetados pelas experiências cotidianas em que o sofrimento se interpõe ao prazer no trabalho, o que dificulta a manutenção dos níveis de produtividade e qualidade almejados.
Prazer e sofrimento são importantes elementos do comportamento organizacional, significativos para o desenvolvimento efetivo e eficiente das atividades laborais, visando sua contribuição para os objetivos da organização. Diante do contexto e das temáticas envolvidas, buscou-se descrever e analisar as dimensões originais do construto, segundo modelo de Mendes e Ferreira (2007), bem como as evidências de validade das escalas empregadas para avaliá-las, devido às particularidades do setor público.
Partindo-se da abordagem da psicodinâmica do trabalho e seus desdobramentos de pesquisa, no Brasil, destaca-se a contribuição de Mendes e Ferreira (2007), que propuseram quatro dimensões de análise para estudo do tema (contexto de trabalho; suas exigências ou custos; seus sentidos em termos de vivências de prazer e de sofrimento; e possíveis danos para a saúde) e validaram respectivas escalas que integram o Inventário sobre Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA). As experiências de prazer e de sofrimento não são excludentes e são afetadas por aspectos contingenciais e estruturais.
A pesquisa, de natureza descritiva e explicativa e com abordagem qualitativa, foi realizada nos moldes de estudo de caso, focalizando uma empresa pública da área financeira, com sede em Brasília (DF). O link do questionário online (composto pelas escalas validadas do ITRA) foi enviado para todos seus servidores após aprovação pela instância interna; retornaram 511 questionários válidos e seus dados foram submetidos a análise estatística univariada (perfil demográfico e medidas de posição e dispersão da amostra) e multivariada (análise fatorial exploratória, AFE), para avaliação das escalas.
O contexto de trabalho avaliado como satisfatório, porém crítico em relação a organização do trabalho; custos afetivos e físicos avaliados positivamente, mas custo cognitivo com níveis entre crítico e grave; dimensões de prazer melhor avaliadas que as de sofrimento; e danos relacionados ao trabalho com índices satisfatórios e suportáveis. Apesar de a confiabilidade e a adequação da amostra terem sido comprovadas para as quatro escalas do ITRA, os resultados das AFE´s revelaram subdivisões de fatores diferentes dos originalmente propostos, implicando possibilidades de revisões.
Apesar dos resultados positivos observados na descrição dos dados, o “exercício” de revalidação das escalas abre possibilidades para uma releitura dos dados, bem como ensejam uma revisão das próprias escalas visando adequação ao tipo de trabalho particular que é exercido pelos sujeitos a serem observados, em outros contextos e oportunidades de pesquisas. Desse modo, o tema prazer e sofrimento no trabalho permanece suscitando atenção e cuidado nas organizações e nas pesquisas que as envolvem.
FILARDI, F. et al. Vantagens e desvantagens do teletrabalho na administração pública: análise das experiências do Serpro e da Receita Federal. CEBAPE.BR, v. 18, p. 28-46, 2020. MENDES, A. M.; FERREIRA, M. C. Inventário Sobre Trabalho e Riscos de Adoecimento – ITRA: instrumento auxiliar de diagnóstico de indicadores críticos no trabalho. In: MENDES, A. M. (Org.). Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007, p. 111-126. VIDAL, D. N.; RODRIGUES, A. P. G. Vínculos organizacionais: estudo de caso no 13º batalhão de bombeiros militar. Gestão e Planejamento, v. 17, p. 4-18, 2016.