Resumo

Título do Artigo

DETERMINISMO TECNOLÓGICO E O MITO DA NEUTRALIDADE: REFLEXÕES SOBRE OS DESAFIOS NA ECONOMIA SOLIDÁRIA E NA TECNOLOGIA SOCIAL BRASILEIRA
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Palavras Chave

Determinismo Tecnológico
Tecnologia Social
Economia Solidária

Área

Gestão da Inovação

Tema

Tecnologia e Sustentabilidade, Inovação e Sociedade

Autores

Nome
1 - DANIEL TEOTONIO DO NASCIMENTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS) - ESAN
2 - ELCIO GUSTAVO BENINI
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS) - ESAN - Escola de Administração e Negócios

Reumo

É bem provável que a resolução de problemáticas sociais como a exclusão social não pode ser abordada sem ter em conta a dimensão da tecnologia. Se por um lado, o avanço da tecnologia trouxe uma série de benefícios à humanidade, por outro lado, uma situação de caos social ainda persiste em uma grande parte da sociedade (FURTADO, 1974; PINTO, 2005; DAGNINO, 2014). Em face a tais contradições, os Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) e a Tecnologia Social (TS) têm se colocado como potenciais alternativas organizacionais para contrapor essas desigualdades sociais
Mesmo nas cooperativas de economia solidária se desenvolvem tecnologias sociais, ainda de forma precária (ADAMS et al., 2011; FREITAS et al., 2013), seja por fatores institucionais, culturais e/ou mercadológicos. A forma que se desenvolveu a técnica e a tecnologia, devido ao seu determinismo tecnológico e a falta de neutralidade, pode ter relação com às dificuldades tecnológicas enfrentadas nos dias atuais por formas organizacionais alternativas. Assim, analisou-se o desenvolvimento da técnica e da tecnologia, recorrendo às categorias do determinismo tecnológico e da neutralidade tecnológica
Para que se possa compreender a tecnologia em toda sua complexidade, é coerente correlacionar seu desenvolvimento paralelamente como o desenvolvimento da técnica. O determinismo tecnológico indica que a tecnologia é o motor de toda alteração existente na humanidade (PURSELL, 1994). A visão da neutralidade tecnológica se apoia no suposto de que as tecnologias possuem uma lógica funcional autônoma que pode ser explicada sem referência à sociedade, ignorando que a tecnologia nada mais é que um artefato social e que, por isso, não está livre de influências culturais e políticas (FEENBERG, 2002)
Os principais desafios de implementação da TS estão relacionados às questões de: (1) falta de institucionalização, sendo necessário (a) aprovar os Projetos de Lei em tramitação; (b) transformar políticas de governos em políticas de Estado; (c) equilibrar a repartição dos subsídios entre as Tecnologias Convencionais e TS. (2) Falta de valorização das externalidades positivas, sendo primordial divulgar essas externalidades produzidas pelos projetos dos EES e de TS. (3) Falta de socialização com as Universidades para produção de inovação, sendo recomendável a inserção de acadêmicos nos EES
As variáveis determinismo tecnológico e neutralidade tecnológica, são responsáveis apenas indiretamente pelas debilidades atuais da Economia Solidária e da TS. Nota-se que não há um determinismo tecnológico como outrora, e sim um determinismo burocrático estatal, que legislam de forma mais célere para as tecnologias convencionais, e age com passividade e lentidão na institucionalização de leis e políticas públicas específicas para as outras formas organizacionais alternativas. Todavia está presente uma visão mecanicista e unilinear do processo científico e tecnológico brasileiro
DAGNINO, R. Em direção a uma teoria crítica da tecnologia. In: DAGNINO, R. (Org.) Tecnologia Social: ferramenta para construir uma outra sociedade. Campinas: IG/UNICAMP, 2009. FEENBERG, A. Racionalização democrática: tecnología, poder y liberdad. 2002. GAIGER, L. I. A economia solidária na contramarcha da pobreza. Sociologia, Problemas e Práticas, v. 79, p. 43-63, 2015. VALADÃO, J. DE A. D.; ANDRADE, J. A. DE; NETO, J. R. C. Abordagens sociotécnicas e os estudos em tecnologia social. Revista PRETEXTO, v. 15, n. 1, p. 44–61, 2014.