Resumo

Título do Artigo

PARTICIPAÇÃO FEMININA NA GESTÃO E POLÍTICA DE DIVIDENDOS: evidências no Brasil
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Palavras Chave

Participação feminina na gestão
Diversidade de gênero
Política de dividendos

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Tatiana Aquino Almeida
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - PPAC
2 - CINTHYA RACHEL FIRMINO DE MORAIS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - PPAC
3 - Antonio Carlos Coelho
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - PPAC

Reumo

Diferenças comportamentais entre homens e mulheres levam a argumentos de que diversidade de gênero é fator que promove distinções quanto a estilos de liderança, habilidades comunicativas, conservadorismo contábil, aversão ao risco, conflito de agência e tomada de decisão, conforme literatura sobre o tema. Assim, heterogeneidade na composição de órgãos de deliberação e de gestão pode promover impacto diferenciado na política de distribuição de lucros das firmas, no sentido de conflitos de agência entre gestão e investidores; evidências discordantes foram identificadas em outras economias.
Questiona-se se a participação feminina em Conselhos de Administração e Diretorias Executivas de firmas brasileiras afeta o processo decisório quanto à política de dividendos, seja no sentido de distribuir ou reter lucros, seja quanto ao nível de payout. A pesquisa tem como objetivo investigar influências e efeitos da participação feminina na gestão de firmas brasileiras no enfoque de diversidade de gênero em temas associados a decisões que afetam estrutura e custo de capital e conflitos potenciais entre gestores e acionistas.
A participação feminina é apontada como fator que pode fornecer base estratégica e mais informada para a tomada de decisões corporativas (MCGUINNESS; LAM; VIEITO, 2015), posto que heterogeneidade na gerência pode produzir soluções criativas e inovadoras para problemas empresariais. Assim, tem-se que a presença feminina no processo decisório da firma pode impactar de forma significante e relevante a política de dividendos das empresas, visto que suas escolhas tendem a restringir o oportunismo de gestores em face de direitos de acionistas, consoante pode ser visto em Byoun; Chang; Kim (2016).
A amostra foi composta por empresas não financeiras listadas na B3, com dados disponíveis para o período 2010 a 2015, englobando 261 firmas (1084 observações-ano). A coleta dos dados foi realizada na base Economática® e em Formulários de Referência no site da B3. Foram testados modelos regressivos de influência da presença feminina em órgãos de gestão na distribuição ou retenção de dividendos e no nível de payout. O tratamento econométrico se deu mediante descrição das variáveis de pesquisa e testes de inferência com emprego de regressão logística (LOGIT) e regressão censurada (TOBIT).
A análise univariada verificou que não há sinais de diferenças em virtude da presença feminina na decisão de distribuir lucros; de modo diverso, o nível de payout foi signicantemente maior para o grupo de empresas com representação feminina. A análise inferencial apontou significância dos modelos LOGIT e TOBIT, com coeficiente de determinação satisfatório, apontando nos dois casos, relação não significante entre variáveis sobre presença feminina e política de dividendos. A significância dos modelos decorreu de usuais variáveis econômicas de controle, determinantes de decisões sobre dividendos.
Pode-se inferir que a participação feminina na gestão não afeta decisões sobre política de dividendos nas firmas brasileiras. Estes achados corroboram pesquisas em ambientes similares ao brasileiro (economia em desenvolvimento, instituições e mercado financeiro com fraca proteção), situação oposta ao detectado em economia com ambiente integrado). Dividendos mínimos obrigatórios, concentração de propriedade e poucas empresas com representação feminina e assimétricas em quantidade de representação, são questões metodológicas que também podem explicar os achados.
BYOUN, S.; CHANG, K; KIM; Y. S. Does corporate board diversity affect corporate payout policy? Asia-Pacific Journal of Financial Studies, v. 45, p. 48-101, 2016. MCGUINNESS, P. B.; LAM, K. C. K.; VIEITO, J. P. Gender and other major board characteristics in China: explaining corporate dividend policy and governance. Asia Pacific Journal of Management, v. 32, p. 989-1038, 2015. SAEED, A.; SAMEER, M. Impact of board gender diversity on dividend payments: Evidence from some emerging economies. International Business Review, v. 26, n. 6, p.1100-1113, 2017.