Resumo

Título do Artigo

DEMANDA INFORMACIONAL E CONSERVADORISMO CONDICIONAL: EVIDÊNCIAS NO BRASIL
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Palavras Chave

Demanda Informacional
Conservadorismo Condicional
Investidores Sofisticados

Área

Finanças

Tema

Contabilidade

Autores

Nome
1 - Lineker Costa Passos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FACULDADE DE ECONOMIA, ATUÁRIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE - FEAAC
2 - Antonio Carlos Dias Coelho
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Reumo

Influência de demanda informacional na qualidade da informação contábil tem sido objeto de pesquisa desde Watts (2003). Ramalingegowda e Yu (2012) propõem que tal demanda depende da ação de investidores sofisticados, pela maior capacidade destes em entender o processo contábil e por operarem profissionalmente. Utilizando Investidores Institucionais como proxy para sofisticação, dado que reúnem predicados para tanto, emprega-se teste multivariado para examinar se tal demanda afeta o nível de conservadorismo condicional, atributo de qualidade informacional, do lucro divulgado no Brasil.
Em que medida a demanda informacional exercida por diferentes classes de investidores institucionais influencia a decisão de gestores em adotar conservadorismo condicional no reporte de lucros contábeis? Com isto, se objetiva investigar se a participação societária e/ou a presença em órgãos diretivos em firmas no Brasil de investidores institucionais afetam as decisões dos gestores na adoção de atributos de qualidade informacional expressa pelo registro tempestivo assimétrico de perdas no contexto das demonstrações contábeis no Brasil.
Segundo Ball e Shivakumar (2005) e Watts (2003), a antecipação tempestiva e assimétrica de perdas no processo contábil é incentivada pela demanda efetiva de investidores por necessitarem de informações úteis para projeção de fluxos de caixa futuros, as quais ficam expressas pelos accruals derivados do reconhecimento antecipado de más notícias sobre o momento atual. Ramalingegowda e Yu (2012) apontam para a classe de investidores sofisticados como capaz de exercer tal demanda, pois habilitados a entender o significado de conservadorismo condicional na divulgação dos relatórios financeiros.
O conservadorismo condicional foi estimado segundo Ball e Shivakumar (2005). Demanda informacional foi estimada pela participação societária relevante na base acionária e pela presença em órgãos diretivos de fundos de pensão, de investimentos, administradores de carteiras, instituições financeiras e seguradoras nas firmas. Aplicou-se controle para o padrão contábil IFRS/CPC. A hipótese de que investidores sofisticados incrementam o conservadorismo condicional foi testada por estimação com Generalized Method of Moments – System, em amostra constituída por 361 firmas listadas na B3 (1998-2015).
Participação acionária relevante e em órgãos diretivos de investidores institucionais, tomados em conjunto ou por categoria (Fundos de Pensão e de Investimentos, Instituições Financeiras, Seguradoras e Administradores de Carteiras), incrementaram com significância o nível de reconhecimento tempestivo assimétrico de perdas. Já a identificação de conservadorismo condicional mostrou-se diferenciada apenas para Fundos de Pensão e de Investimentos e para Seguradoras. A mudança de padrão contábil não alterou o comportamento das relações estudadas.
A hipótese de que a participação de investidores institucionais afeta a decisão de gestores em divulgar demonstrações contábeis com qualidade informacional não pôde ser rejeitada. Como investidores institucionais são diferenciadores de práticas de reconhecimento tempestivo assimétrico de perdas e de conservadorismo condicional, pode-se inferir que a demanda informacional, especificamente de investidores sofisticados, exerce papel na qualidade informacional dos relatórios contábeis, corroborando resultados de pesquisas sobre o tema internacionalmente.
Ball, R. J., & Shivakumar, L. (2005). Earnings quality in UK private firms: comparative loss recognition timeliness. Journal of accounting and economics, 39(1), 83-128. Chen, Y., Li, L., Wang, H., & Wang, P. (2015). Institutional investors and conservative financial reporting: evidence from China. Eurasian Economic Review, 5(1), 161-178. Ramalingegowda, S., & Yu, Y. (2012). Institutional ownership and conservatism. Journal of Accounting and Economics, 53(1), 98-114. Watts, R. L. (2003). Conservatism in accounting part I: Explanations and implications. Accounting Horizons, 17(3), 207-221.