Resumo

Título do Artigo

Contribuição à Crítica da Administração Política: Fenômeno ou Processo Social?
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Palavras Chave

Administração Política
Fenômeno
Processos Sociais

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Abordagens e Teorias organizacionais Contemporâneas

Autores

Nome
1 - Rômulo Carvalho Cristaldo
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS (UFGD) - Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade (FACE)

Reumo

A noção de administração política — termo cunhado por Reginaldo Santos (2009) — parece encerar diversas formas concorrentes de manifestação: (i) é apresentada como um campo de saber; (ii) toma a forma de uma estratégia de desenvolvimento; ou mesmo, e talvez originalmente, (iii) foi descrita como um objeto de conhecimento. O que é digno de nota é que os pesquisadores vinculados ao movimento da administração política normalmente empregam o termo como uma opção crítica ao conhecimento do mainstream em administração.
Dentre as alternativas de significado atribuídas ao termo “Administração Política”, destacam-se aqueles trabalhos que abordam essa terminologia como se representasse um objeto de conhecimento: para alguns autores, tal qual um fenômeno idealista definido a priori; enquanto que para outros, um processo social a ser historicamente caracterizado. Nesse artigo teórico, nosso objetivo é analisar esses trabalhos nos quais a administração política aparece como um objeto de pesquisa, seja um processo social ou um fenômeno, e assim realizar uma apreciação de seu potencial crítico.
Partimos da concepção de “fenômeno” a partir da interpretação fenomenológica, assim como da noção de processo social que emerge da crítica marx-engelsiana da filosofia hegeliana, para caracterizar essas duas vertentes aparentemente concorrentes da administração política. A partir desses concepções, caracterizamos um dilema ontológico-epistemológico na abordagem da administração política como objetivo de conhecimento que, além não ter sido sequer debatido, quiçá solucionado, foi além disso escamoteado.
Percebe-se um cisma no campo da administração política quando considerada objeto de conhecimento. De um lado, Santos (2009), entre outros, representa uma administração política fenomenológica e idealista. De outro, Moreira (2008), entre outros, representa uma administração política marxista. O diálogo entre essas vertentes é praticamente inexistente. Além disso, a própria concepção de administração política enquanto um objeto de pesquisa foi contemporaneamente abandonada em favor de uma noção imprecisa de campo de saber.
Acreditamos que, embora apresente um potencial crítico, a administração política tem falhado em realizar esse potencial, a medida em que não faz bem a passagem para pesquisa empírica. Os conceitos elaborados, seja pela perspectiva fenomenológica, seja pela vertente marxista, são ainda muito abstratos, necessitando que sejam operacionalizados. Seu potencial crítico só se realizará na medida em que puderem oferecer subsídios para estudos e análises que ofereçam, efetivamente, alguma vantagem em relação à estudos pré-existentes a partir de outras abordagens teóricas.
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. Tradução Rubens Enderle, Nélio Schneider, Luciano C. Martorano. São Paulo: Boitempo, 2011. MOREIRA, F. S. Administradores políticos enquanto classe: um projeto de pesquisa. Revista Brasileira de Administração Política — Rebap, v. 1, n. 1, p. 45-66, out. 2008. SANTOS, R. S. (Org.). A administração política como campo do conhecimento. São Paulo: Mandacaru / Hucitec, 2009. STEGMÜLLER, W. A filosofia contemporânea: introdução crítica. Tradução Adaury Fiorotti, Edwino Royer. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.