Coaching
Sofrimento Psíquico do Trabalho
Psicodinâmica do Trabalho
Área
Gestão de Pessoas
Tema
Significado do Trabalho, Satisfação e Mecanismos de Recompensa
Autores
Nome
1 - Simone Martins Mendes Soares CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL INACIANA PE SABÓIA DE MEDEIROS (FEI) - Liberdade
2 - Pedro Jaime Coelho Júnior Centro Universitário da FEI-SP - Programa de Mestrado e Doutorado em Administração
3 - Carmen Ligia Cesar Lopes Torres Centro Universitário da FEI-SP - São Paulo
Reumo
No contexto do capitalismo contemporâneo, marcado por uma competição cada vez mais acirrada, com consequências para a saúde dos indivíduos, um número crescente de empresas tem lançado do coaching, como prática de gestão de pessoas, com propósitos diversos. Mas, como essa prática se relaciona com o sofrimento psíquico do trabalho? Ela pode ajudar o profissional a restabelecer a saúde face a uma situação de sofrimento vivenciada a partir do trabalho? Ou está apenas a serviço dos interesses das empresas por aumento de produtividade?
Este trabalho interroga as relações entre o coaching e o sofrimento psíquico do trabalho, estando estruturado a partir das seguintes perguntas de investigação: a) Quais relações existem entre o coaching de executivos e o sofrimento psíquico do trabalho vivenciado por esses profissionais? b) O processo de coaching pode ajudar essa categoria no enfrentamento do sofrimento psíquico do trabalho, ou ao contrário pode contribuir para o aprofundamento desse sofrimento? c) Quais elementos seriam responsáveis pela contribuição à atenuação do sofrimento e quais seriam passíveis de aprofundá-lo?
O coaching é um processo que contribui para que os coachees desenvolvam conhecimentos, habilidades e capacidades que os levarão a um crescimento intelectual e psicoemocional. O sofrimento do trabalho é compreendido pela psicodinâmica do trabalho a partir da relação entre o indivíduo e a atividade laboral, composto, por um lado pela organização do trabalho; e por outro lado pelo sujeito, um indivíduo singular, dotado de um aparelho psíquico próprio e de uma história de vida que o levará a responder desta ou daquela maneira às pressões do ambiente de trabalho.
A pesquisa empírica empreendida para este trabalho foi de natureza exploratória e qualitativa. Foram feitas entrevistas em profundidade com doze pessoas, sendo seis coachees e seis coaches. A análise dos dados seguiu a orientação da análise de conteúdo proposta por Bardin. O conteúdo das entrevistas foi analisado sem uso de software, a partir da interpretação das falas diretamente, do entrecruzamento das respostas dos entrevistados com vistas a perceber as coerências lógicas e, ainda, do agrupamento das percepções dos diferentes entrevistados.
Os entrevistados, tanto os coaches quanto os coachees, assinalaram que existe diferença no coaching quando o processo é custeado pela empresa, e quando é contratado diretamente pelo executivo. No último caso é bem mais provável que o coach trabalhe mais detidamente as demandas do coachee, podendo acolhê-lo em suas questões emocionais. Porém, quando o processo é financiado pela empresa, a meta é rígida; há a necessidade de evidenciar resultados para o contratante, sendo o processo focado no desenvolvimento de competências atreladas ao desempenho do executivo.
Os resultados evidenciam que, por um lado, o coaching, quando bem conduzido, pode ajudar o executivo a superar as situações de sofrimento psíquico do trabalho. Mas, por outro lado, há limites claros neste processo. Ele está inscrito no contexto de hiperindividualização que marca as formas de gestão próprias do capitalismo contemporâneo, ao passo que o enfrentamento do sofrimento psíquico do trabalho, de acordo com a psicodinâmica do trabalho, não pode prescindir dos mecanismos de defesa coletivos.
DEJOURS, C. Alienação e clínica do trabalho. In: LANCMAN, S.; SZNELWAR, L. I. (orgs.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. 3. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2011a, p. 255-286.
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MAGALHÃES, M. O. Coaching. In: BENDASSOLLI, P. F.; BORGES-ANDRADE, J. E. (org.). Dicionário de psicologia do trabalho e das organizações. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2015. p. 171-178.