As empresas têm se preocupado em encontrar soluções para se manterem competitivas no mercado. Os mercados mudam mais rápido que as estratégias, tornando-as obsoletas. No setor educacional católico, observa-se que as organizações precisaram implementar estratégias enfatizando a necessidade de otimizar as suas forças competitivas, através de um modelo sintetizado, dinâmico e efetivo. Estratégia somente significa algo quando pode ser traduzida em ações operacionais, isto é, as empresas precisaram começar a pensar estrategicamente com o objetivo de obter possibilidades de sucesso no mercado.
As escolas católicas vivem um momento de transformação nos últimos 15 anos, deixando de serem simplesmente instituições mantidas por congregações religiosas para se tornarem empresas dinâmicas e competitivas no mercado, sem perderem suas características fundamentais de serem centros educacionais oriundos da Igreja Católica. Nesse sentido, o objetivo deste artigo foi o de verificar quais são as estratégias adotadas por três escolas católicas, localizadas na região metropolitana de Belo Horizonte, e como a captação e a manutenção de alunos são afetadas pelo modelo estratégico adotado.
No final do século passado, as escolas católicas se viram pressionadas pela volumosa abertura de escolas laicas e pela formação dos conglomerados educacionais no Brasil, gerando a ideia de “mercado educacional”. Nesse contexto, uma reflexão sobre a importância da educação católica se fez necessária devida à necessidade de estabelecer-se como empresa para ganhar competitividade no mercado educacional. Assim, abordagens estratégicas apontadas por Andrews, Porter, Prahalad e Hamel, Henderson e Mintzberg agregam no sentido de gerar vantagem competitiva na busca por um melhor posicionamento.
A pesquisa é de natureza quantitativa e qualitativa, do tipo descritiva e explicativa. O método estudo de múltiplos casos. A unidade de análise foram três escolas católicas (A, B e C) da região metropolitana de BH. A unidade de observação foi composta pelos diretores, funcionários, professores, pais de alunos e alunos. Os procedimentos de coleta aplicados forma entrevistas semiestruturadas, questionários mensurados pela escala Likert de seis pontos e grupos de foco. O sistema de análise dos dados quantitativos foi o SPSS e, para os dados qualitativos, adotada a análise de conteúdo.
Relacionado ao plano estratégico: Escola A estava desenvolvendo, Escola B não possuía e a Escola C estava revisando. Relacionado à quantidade de alunos: A aumentou, B e C reduziram. Os resultados evidenciaram a não intencionalidade estratégica do modelo de gestão adotado pela maioria das escolas católicas. Contudo, entende-se que mesmo a não intenção estratégica é uma opção. Isso implica em que a não escolha de uma nova estratégia resulta na manutenção de uma conduta e procedimentos vigentes, com a manutenção de uma perspectiva tradicional indicando uma direção estratégica baseada na tradição.
Estratégia é um processo intrinsecamente ligado à estrutura e cultura empresarial, sendo parte integrante das organizações. A pesquisa demonstra que, ao analisar a estratégia realizada versos a estratégia pretendida, fica evidente a dificuldade de posicionamento das escolas. Assim, além do estudo oferecer subsídios para futuras investigações, ele permite concluir que a avaliação das estratégias adotadas por estas instituições realçam a possibilidade de aprofundar-se individualmente em cada modelo estratégico para apresentar planos de desenvolvimento e crescimento em seus respectivos mercados.
ALVES, Manoel. Perspectivas da escola católica no Brasil. Brasília. Anamec, 2006.
ANDREWS, Kenneth Richmond. The concept of corporate strategy. In: MINTZBERG, Henry; QUINN, James Brian. The strategy process, concepts, contexts, cases. 2. ed. New Jersey: Prentice-Hall, 1991.
MINTZBERG, Henry, AHLSTRAND, Bruce, LAMPEL, Joseph. Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre. Bookman, 2000.
PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. São Paulo: Campus, 1996.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.