Resumo

Título do Artigo

CONTRIBUIÇÕES DO FEMINISMO DECOLONIAL PARA PENSAR OS ESPAÇOS E PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
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Palavras Chave

Feminismo decolonial
Colonialidade de gênero
Universidade

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Isabela Grossi Amaral
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Programa de Pós-Graduação em Administração
2 - Flávia Luciana Naves Mafra
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - DAE

Reumo

Esse trabalho pretende discutir através do feminismo decolonial como ainda há arranjos que contribuem para que as mulheres sejam excluídas de determinados espaços acadêmicos. O feminismo decolonial, emerge do contexto da América Latina desconstruindo opressões desde as suas origens quando converge múltiplas questões de gênero, raça, classe, assumindo um ponto de vista não eurocêntrico. A interseccionalidade e o conceito do sistema colonial/moderno de gênero (Lugones, 2008) nos ajudam a elucidar e estimular questões sobre os movimentos feministas e suas diferentes formas de resistência e lutas.
O panorama de tornar visível e claro o que se oculta com o sistema de gênero colonial/moderno nos leva a questionar: como o feminismo decolonial contribui para pensar e enfrentar os conflitos e processos de subalternização de mulheres nas universidades públicas latino-americanas? Gênero e feminismo ainda são temas marginais e a contribuição desse ensaio não está apenas em reforçar tal debate mas também revelar nuances que tendem a ser ocultadas por um movimento de valorização da produção de conhecimento europeia e norte-americana em lugar da valorização latino-americana.
A colonialidade está presente nas mais diversas instâncias e práticas sociais, inclusive na universidade, através das interfaces da colonialidade do saber, ser e do poder. Compreende-se a colonialidade de gênero constitutiva da colonialidade do poder (Lugones, 2014; 2008). As produções intelectuais, saberes, vozes e experiências de grupos subalternos são mantidos em um lugar silenciado estruturalmente, por condições sociais que dificultam a visibilidade e a legitimidade dessas produções (Ribeiro, 2017). O “feminismo decolonial” surge como resistência, um deslocamento do pensamento hegemônico.
O acesso à universidade envolve, para as mulheres (assim como outras minorias) muita luta, porque as instituições (ainda que proclamem defesa da diversidade), exercem a colonialidade de tantas, sutis e elaboradas formas. Podemos ver no cenário universitário quadros de violência e exclusão, conjuntamente com o crescente número de mulheres nas universidades que vem fomentando uma luta constante por espaço e expressão. O feminismo decolonial revela que mudanças na produção de conhecimento podem ser engendradas a partir da inserção e consolidação das histórias e saberes de mulheres marginalizadas.
Esse estudo voltou-se para as mulheres que têm acessado cada vez mais o campo acadêmico e científico, mas que enfrentam muitos obstáculos e violência. Descolonizar nesse sentido implica em dar voz a quem não se permite falar. O feminismo decolonial propõe ouvir e dar visibilidade às histórias de mulheres, deslegitimando violências, construindo laços e, no âmbito acadêmico-científico, podendo levar a uma (re)definição da forma de fazer ciência, repensando esses espaços, denunciando e compreendendo de forma profunda as manifestações de colonialidade.
Lugones, M. (2008). Colonialidad y Género. Tabula Rasa. Bogotá - Colombia, No.9: 73-101. Lugones, M. (2014). Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas, Florianópolis, 22(3): 320, setembro-dezembro. Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: Lander, E. (coord.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO. Ribeiro, D. (2017). O que é lugar de fala? Belo Horizonte (MG): Letramento: Justificando.