Resumo

Título do Artigo

JORNADA TRANS: um estudo acerca da trajetória de travestis e mulheres transexuais no mercado de trabalho do Recife
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Palavras Chave

Mercado de trabalho
Travestis
Mulheres transexuais

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Suelen Mazza Batista
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Centro de Ciências Sociais Aplicada - Administração
2 - Giselle Alves Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ (UFOPA) - Amazônia Boulevard
3 - Diego Costa Mendes
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPAD)
4 - José Ricardo Costa de Mendonça
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - DCA

Reumo

A discriminação com pessoas transgêneras é uma questão estrutural. A sociedade e os valores de (a)normalidade são formados através de fatores historicamente determinados. Os valores culturais que definem as normas de gênero e sexualidade são pautados sob uma visão binária (macho/fêmea) e heteronormativa/reprodutiva (onde o ato sexual só é considerado adequado vinculado a possibilidade de reprodução). Por terem corpos destoantes dos padrões de gênero e sexualidade instituídos pela sociedade, a vida das travestis e mulheres transexuais é marginalizada e seus direitos são negados (LIMA, 2009).
O Recife constitui exemplo que ilustra atuais problemas vividos pelas transgêneras em outros espaços do país. Ainda há poucas pesquisas que retratem e debatam a realidade vivida por esse grupo na cidade. Ante o exposto, este estudo busca analisar a trajetória de trabalho de travestis e mulheres transexuais no mercado de trabalho recifense, procurando estimular o desenvolvimento de pesquisas que atentem para a necessidade de gerar mais oportunidades no mercado de trabalho formal para as travestis e mulheres transexuais, fortalecendo a garantia destas aos direitos trabalhistas e previdenciários.
A maioria das travestis e mulheres transexuais no Brasil encontra-se em situação de marginalidade social e de exclusão, pois elas não têm acesso a políticas públicas que garantam sua proteção contra violência simbólica e física em âmbito escolar e à oportunidade de inclusão no mercado de trabalho. Dessa forma, diante da falta de oportunidade, a prostituição surge como um meio de subsistência (SILVA, 2012).
Trata-se de pesquisa exploratória de abordagem qualitativa. Por meio do critério de acessibilidade e da técnica bola de neve, foram selecionadas para construção do corpus de pesquisa sete entrevistadas (3 travestis, 3 mulheres transexuais e uma que se denomina mulher trans e travesti) com perfis diversos quanto ao gênero, faixa etária, escolaridade, classe social, local de residência e ocupação. As entrevistas foram de natureza semiestruturada e contaram com um roteiro. Para organizar e extrair significado dos discursos das entrevistadas recorreu-se à análise de conteúdo temática (BARDIN,2014)
Pôde-se observar que as histórias de vida e a relação das entrevistadas com o trabalho estão marcadas pelo preconceito e pela discriminação, os quais culminam em exclusão. Perceber-se e assumir-se numa identidade de gênero diferente dos padrões de normalidade acarretaram a elas exclusões no âmbito familiar, escolar, social e, consequentemente, tiveram reflexos sobre sua empregabilidade. A falta ou reduzido apoio familiar, a baixa escolaridade ou a habitual presença de preconceito nas organizações, reduzem as oportunidades de emprego no mercado formal para estas integrantes da sociedade.
As situações de discriminação, agressões, violência no contexto familiar, social e de trabalho acabam por restringir a cidadania da população trans e, consequentemente, por afligir sua saúde psicológica, sua autoestima e a capacidade de reação daquelas pertencentes a esse universo. Além disso, sem devido apoio e acompanhamento, com possibilidades restritas e ambiente adverso de emprego, a prostituição surge como opção viável de trabalho, mesmo que insegura e precária.
BENTO, Berenice; PÉLUCIO, Larissa. Despatologização do gênero: a politização das identidades abjetas. Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v. 20, n. 2, , ago. 2012. p. 569-581. BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. LIMA, Aline Soares. Representações e construção de valores hegemônicos: olhares sobre as travestilidades no cotidiano social. Programa de Pós-Graduação em Cultura Visual da Faculdade de Artes Visuais, da Universidade Federal de Goiás, 2009.