Resumo

O interesse pelos tipos de inovação típicas de mercados emergentes tem sido revelado pela literatura. Diversos termos foram desenvolvidos para descrever esse fenômeno, como inovação disruptiva, inovação na base da pirâmide, inovação suficientemente boa, inovação reversa, inovação de restrição de recursos, inovação frugal e a inovação em custo. Esta última é o nosso principal interesse, pois, embora, os tipos de inovação descritos sejam estruturalmente diferentes uns dos outros, todos apresentam como essência o propósito de redesenhar e desenvolver novos produtos e processos a um custo mínimo.

Dado do contexto que compreende (i) um crescimento fragmentado e descrições sobrepostas das diversas abordagens de inovação baseadas em restrições, (ii) a evidenciação do aspecto custo (e suas equivalências) nas diferentes inovações típicas de mercados emergentes, e (iii) a exemplificação da inovação em custo somente a partir de casos ou em países desenvolvidos, propomos a seguinte questão de pesquisa: Como mensurar a inovação em custo? A fim de responder à questão proposta, o objetivo principal do artigo foi desenvolver e validar uma escala para mensuração da inovação em custo.

Como referencial teórico, apresentamos as origens da inovação em custo no âmbito de estudos das empresas chinesas (Zeng & Williamson, 2007; Williamson, 2010). Após revisar a literatura, apresentamos as principais definições e características associadas à inovação em custo, assumimos como referência a seguinte conceituação: A Inovação em Custo consiste em utilizar a vantagem de custo de empresas de mercados emergentes para oferecer produtos inovadores a preços mais baixos para clientes com limitações de recursos, viabilizados por meio da redução dos custos no processo operacional.

Adotamos o processo de desenvolvimento de escalas atualizado por Mackenzie, Podsakoff e Podsakoff (2011), contemplando as seguintes dez etapas: (i) especificação do domínio do construto, (ii) geração de itens, (iii) avaliação da validade de face e de conteúdo, (iv) especificação formal do modelo de mensuração, (v) atividade de coleta de dados, (vi) refinamento e purificação da escala, (vii) novas coletas e re-exame da escala, (viii) avaliação da validade da escala, (ix) cross validação e (x) desenvolvimento de normas para uso da escala. Na metodologia apresentamos a etapas de (i) a (v).

Na análise e discussão de resultados apresentamos de (vi) e (x). Nesse sentido, descrevemos as três coletas de dados realizadas, contemplando 682 empresas brasileiras. Para a análise dos dados, aplicamos as técnicas de Análise Fatorial Exploratória e Confirmatória e de Modelagem de Equações Estruturais. O resultado final foi uma escala validada de inovação em custo composta por quatro itens, cuja ênfase é na economia de recursos para o comprador, na redução significativa de custos, na economia de recursos organizacionais e no rearranjo dos recursos organizacionais no processo operacional.

Diante da pergunta de pesquisa de como mensurar a inovação em custos, característica de países emergentes, o objetivo do estudo foi alcançado, haja vista o desenvolvimento e validação da escala para mensuração da inovação em custo. Como contribuição teórica, o nosso estudo preenche uma lacuna de mais de dez anos no que diz respeito à inexistência de instrumentos que mensurem a inovação em custo e, do ponto de vista gerencial, a nossa escala expõe quais características os gestores de empresas multinacionais em mercados emergentes devem privilegiar no desenvolvimento de uma inovação em custo.

Mackenzie, S. B., Podsakoff, P. M., & Podsakoff, N. P. (2011). Construct Measurement and Validation Procedures in Mis and Behavioral Research: Integrating New and Existing Techniques. MIS Quarterly, 35(2), 293-334. Zeng, M., & Williamson, P. J. (2007). Dragons at Your Door: How Chinese Cost Innovation is Disrupting the Rules of Global Competition. Boston, MA: Harvard Business School Press. Williamson, P. J. (2010). Cost Innovation: Preparing for a 'Value-for-Money' Revolution. Long Range Planning, 43(2-3), 343-353.