Resumo

Desde a publicação de David Smith (1975), “Voluntary action and voluntary groups”, os estudos sobre voluntariado vem se desenvolvendo em uma gama cada vez maior de perspectivas (WILSON, 2012). A exemplo têm-se os trabalhos de Clary et al (1998); Wilson (2000); Marcos, Parente e Amador (2013); Veludo-de-Oliveira, Pallister e Foxal (2015); Stukas (2016). Percebe-se que a literatura existente sobre o voluntariado é vasta, todavia ela não se encontra bem delimitada em períodos regulares de produção do conhecimento, como tantos outros temas nas ciências sociais, em especial na administração.

Diante disso, o problema de pesquisa deste estudo centra-se em refletir sobre quais pressupostos teóricos podem ser apontados para a pesquisa e teoria em voluntariado nas ciências sociais, em especial a administração. O objetivo é fornecer demarcações e abordagens que foram sustentadas na produção acadêmica sobre o tema.

Smith (1975) definiu o voluntariado como ação voluntária individual, coletiva ou comunitária, caracterizada principalmente pela busca de benefícios psíquicos, como auto realização, estima e pertencimento, por ser ter liberdade de escolha, e não determinada por: fatores biossociais; fatores coercitivos; ou remuneração direta, pagamento de alta probidade direta ou benefícios econômicos de quaisquer tipos. Snyder e Omoto (2008), por sua vez, definiu o voluntariado como uma atividade de ajuda, livremente escolhida que se estende ao longo do tempo e é realizada por meio de organizações.

Por meio de uma abordagem qualitativa e exploratória, efetuou-se um levantamento bibliográfico com o objetivo de mapear e conhecer o que está sendo publicado sobre o voluntariado tanto na literatura nacional como internacional, no período de tempo de 2000 à 2016. A busca na literatura nacional envolveu visitas aos sites dos principais periódicos em Administração, obteve-se um total de 6 artigos. Já na literatura internacional os termos usados para a busca de artigos avançada foram “volunteering”, “volunteer” e “research” na base de dados Spring, foram encontrados 109 artigos publicados.

Como resultados, têm-se que a produção em voluntariado pode ser dividida em cinco abordagens, são elas: Abordagem funcional para a motivação ao voluntariado, em que se discute os motivos para tal ação; Abordagem gestionária sobre voluntariado, que reconhece o voluntário como um recurso organizacional a ser gerido; Abordagem mercadológica sobre voluntariado, composta pelas ações e programas sociais originados na esfera privada; Abordagem da representação do voluntariado, preocupando-se em saber o significado desta prática; e o novo voluntariado, marcado pelo contexto estrutural do capitalismo.

A relevância desta pesquisa é discutir o voluntariado num contexto fortemente permeado pela lógica gerencialista como a área da Administração. Sua contribuição é demonstrar como o tema se tornou um interesse gerencial. Esse estudo contextualiza a pesquisa em voluntariado, fornecendo abordagens que foram sustentadas na produção acadêmica sobre o tema. Futuras pesquisas podem contribuir na constituição de um aporte de conhecimento que repense qual nomenclatura (trabalho voluntário, serviço voluntário e voluntariado) seria viável adotar diante da multiplicidade que o fenômeno adquiriu.

WILSON, J. Volunteerism research: A review essay. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly. Ed. 41(2). P. 176-212. February, 2012. STUKAS, A. A. et al. Motivations to volunteer and their associations with volunteers’ well-being. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, v. 45, n. 1, p. 112-132, 2016. MANETTI, G. et al. Investing in volunteering: measuring social returns of volunteer recruitment, training and management. VOLUNTAS: International Journal of Voluntary and Nonprofit Organizations, v. 26, n. 5, p. 2104-2129, 2015.