Resumo

Com as graves crises econômicas que vem acontecendo nos últimos anos, muitas pessoas perderam seus postos de trabalho e com isso buscaram por meio do empreendedorismo, criar seu próprio negócio. Como uma forma mais rápida e simples, o sistema de franquias surgiu como facilitador tanto para quem deseja ter um empreendimento, como para quem deseja disseminar sua marca em âmbito nacional e internacional. No que concerne à avaliação do desempenho desse tipo de empreendimento, observa-se uma escassez de estudos na literatura, principalmente no que se refere à utilização de indicadores subjetivos.

Observa-se, que nas avaliações de desempenho das organizações, sempre existirão alguns aspectos de subjetividade, onde o efeito do desempenho estará mais pautado na intuição e percepção dos empreendedores, na medida em que estes passem a assumir e tomar decisões baseadas em seu aspecto cognitivo e intuitivo. Sendo assim, esse estudo teve como objetivo central identificar como os modelos mentais dos empreendedores podem influenciar no desempenho organizacional de empresas franqueadas do setor de alimentos na cidade de Aracaju-SE.

Para Júnior, Sluk e Silveira (2013) o sistema de franquias engloba a disseminação de determinado produto e/ou serviço por meio de uma relação entre duas partes distintas, sendo elas: o franqueado e o franqueador. Para que se possa mensurar o desempenho organizacional, torna-se necessária a utilização de indicadores capazes de evidenciar a real situação do empreendimento (VALMORBIDA et al., 2012). Um bom exemplo desses indicadores são os modelos mentais dos gestores, os quais representam a percepção acerca de determinada situação e como essa percepção irá influenciar em sua tomada de decisão.

O estudo classifica-se como sendo de natureza qualitativa, sendo utilizado o método de estudo de casos, onde dois casos foram descritos separadamente e depois analisados conjuntamente. O estudo foi ainda classificado como sendo exploratório e explicativo. Para a coleta dos dados utilizou-se de um roteiro de entrevista semiestruturada, o qual abrangeu as sete dimensões formadoras dos modelos mentais propostas por De Toni et al., (2014), visando averiguar a possível relação entre a percepção do empreendedor e o desempenho de sua franquia.

Por meio da análise dos dados, foi possível observar que as sete dimensões dos modelos mentais foram consideradas pelos gestores como aspectos fundamentais para o bom desempenho organizacional dos empreendimentos. Ressalta-se que os aspectos relacionados ao ambiente harmonioso, clientes bem atendidos, bom relacionamento com funcionários (dimensão relacionamentos) e sugestões de melhorias pelas equipes (dimensão criatividade e inovação) foram os que demandaram de maior satisfação e entusiasmo por parte dos gestores no que concerne ao bom desempenho de suas franquias.

Chegou-se à conclusão de que os dois gestores entrevistados tomam suas decisões com base em seus modelos mentais (percepção), decisões essas que visam melhorar o desempenho organizacional. Ficou evidente que os aspectos relacionados às sete dimensões formadoras dos modelos mentais possuem influência sobre o desempenho das franquias, levando-se em conta que os modelos mentais direcionam os gestores em suas decisões, e que essas decisões resultam no sucesso ou fracasso empresarial. Sugere-se que estudos futuros possam ampliar a quantidade de casos, além de desenvolver estudos quantitativos.

De TONI, D.; et al., As dimensões dos modelos mentais dos empreendedores e seus impactos sobre o desempenho organizacional. REAd, Porto Alegre, v. 79, n. 3, p. 713-739, set/dez 2014. JUNIOR, A. L. N.; SILUK, J. C. M.; SILVEIRA, M. N. Modelo de avaliação de desempenho para o sistema de franquias do Brasil. Cuad. admon.ser.organ. Bogotá (Colombia), v. 26, n. 47, p. 285-307, 2013. VALMORBIDA, S. M. L.; et al., Avaliação de Desempenho Organizacional: Panorama das Publicações em Periódicos Nacionais. Sociedade, Contabilidade e Gestão, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, jul/dez 2012.