Resumo

Título do Artigo

Das feiras livres para os varejões: a construção das identidades dos feirantes de Piracicaba/SP
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Palavras Chave

Feiras livres
Identidade
Varejões

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades Organizacionais

Autores

Nome
1 - Isabela Cerri Baldin
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - ESALQ
2 - Luciano Mendes
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Escola Superior de Agricultura
3 - Carolina Abdalla Normann de Freitas
Faculdade de Americana - Americana

Reumo

A figura do feirante existe há séculos, mas ao longo do tempo veio se modificando de acordo com o contexto social, sendo que em muitos casos, esses indivíduos saíram do contexto de trabalho informal para formalização de sua atividade. Por serem atores sociais e pelas feiras terem tido uma ampliação das suas atividades, em muitas situações passou a ocorrer a intervenção do poder público para controle dos espaços e comércios das feiras. Os varejões surgem dessa intervenção do poder público,assim como, no contexto da feira, surge a figura do feirante e as múltiplas identidades assumidas por ele.
Esse estudo busca responder a seguinte pergunta de pesquisa: como a identidade do feirante é construída em meio às exigências sociais, do trabalho e organizacionais das feiras/varejões? Atrelado a isso, o objetivo principal é compreender o processo de construção das identidades dos feirantes atreladas aos contextos sociais, do trabalho e organizacionais das feiras/varejões da cidade de Piracicaba/SP.
A identidade tornou-se um cabide de personagens, podendo ser adquirida ou perdida com o tempo,diante os diversos sistemas de significações e representações culturais vividos. Cada pessoa irá classificar a si e os outros tomando como base um determinado grupo ou categoria (autoconceito). A memória está entrelaçada com a identidade,visto que ambas estão presentes no discurso dos indivíduos. Por isso,é possível dizer que a identidade individual está atrelada às identidades sociais,do trabalho e organizacionais,pois todas essas identidades vivem condições dialéticas de pertencimento e existência.
A pesquisa se caracteriza como qualitativa,utilizando a técnica de história de vida. Para tal método,as pessoas são consideradas fundamentais ao processo,contando sobre elas mesmas e o que consideram importante,instigando a capacidade de reflexão do entrevistado diante sua fala.A técnica de entrevista utilizada foi a semiestruturada,permitindo uma melhor compreensão das histórias de vidas e,assim, das identidades.A pesquisa foi realizada nas feiras que ocorrem na cidade de Piracicaba/SP com vinte e cinco feirantes. Como forma de análise dos dados foi utilizada a técnica de análise de discurso.
A análise pautou-se em entender o ser feirante;a atuação do feirante enquanto ser social;o feirante trabalhador;e o feirante e a feira como organização. Exercer a atividade é, principalmente,devido a influência familiar,reconstruindo a memória e identidade através da vivência dos laços culturais presentes na família e no ambiente de trabalho.O ser feirante varia em aspectos sentimentais e geradores de renda,de modo a sentir-se parte de uma história coletiva. Já o controle da prefeitura revela a imposição de uma identidade organizacional,mas que não consegue excluir as identidades individuais.
As discussões obtidas no estudo indicam a dinamicidade com a qual os feirantes trabalham, fazendo do aprendizado algo constante.Os conhecimentos aprendidos e utilizados nas atividades dos feirantes refinam e dão sentidos às identidades individuais.No que tange às identidades sociais, as relações de parentesco e amizades são de fundamental importância no aprimoramento da atividade.Os papéis dos feirantes são criados e recriados o tempo todo,pois misturam-se às histórias das famílias na comercialização e às interações entre valores,práticas e experiências do universo cultural do feirante.
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