Resumo

O Terceiro Setor tem recebido atenção devido à sua importância e relevância, social e econômica. No entanto, a maioria das pesquisas realizadas nacionalmente versou sobre atividades gerenciais (Marques et al., 2015). Internacionalmente, o foco recaiu sobre a atuação das lideranças na gestão das organizações; porém, os estudos basearam-se em dissertações e teses (Shier & Handy, 2014). Contudo, não foi encontrado nenhum mapeamento dos trabalhos que mencionam os estilos, atributos e desafios da liderança que atua no Terceiro Setor, publicados em revistas e periódicos, nacionais e estrangeiros.

Devido à importância do Terceiro Setor na economia e a relação de sua efetividade social com as características da liderança, formulou-se o seguinte problema de pesquisa: quais são os estilos, atributos e desafios das lideranças que atuam neste Setor, de acordo com as pesquisas já publicadas. Baseado neste problema de pesquisa, o objetivo do estudo é analisar a produção científica de 2003 a 2017, nacional e internacional, relacionada aos estilos e atributos aos quais estão sujeitas as lideranças, dados os desafios existentes no campo, a fim de mapear possíveis lacunas de pesquisas.

A liderança no Terceiro Setor é complexa em termos de comportamentos, vínculos, necessidades e objetivos. Quando a diversidade e a responsabilidade se misturam com as pressões adicionais das crises organizacionais, essa complexidade se expande exponencialmente (Gajewski et al., 2011). No entanto, segundo Kearns et al. (2015), a literatura que foca em liderança neste Setor é relativamente pequena. Todavia, estudos recentes têm enfatizado a identificação dos estilos e atributos das lideranças transformacionais, carismáticas e visionárias com o Terceiro Setor (Bilimoria & Godwin, 2005).

Pesquisa bibliométrica a partir da busca de trabalhos nacionais e internacionais em bases de dados científicas, utilizando palavras-chaves envolvendo “liderança” e “Terceiro Setor” nos campos específicos dos portais de “Título”, Palavra-chave” e “Resumo”. Foram realizados dois recortes: relevância do periódico e período das publicações. Desta forma, foram obtidos 159 estudos, mas aproveitados apenas 38 trabalhos internacionais, cujos dados foram categorizados, analisados e representados sob a forma de quadros, tabelas, gráficos e análises de conteúdo representativos dos achados.

Os estilos de lideranças mais relacionados com o transformacional são os que se sobrepõem no Terceiro Setor. Além disso, os principais desafios existentes relacionam-se a motivar os colaboradores, a sustentar a reputação das organizações e a criar um ambiente de colaboração, inovação e desenvolvimento de capacidades a fim de elevar o desempenho organizacional e reter o capital intelectual necessário ao cumprimento de suas missões institucionais. O período de 2009 a 2015 foi o mais produtivo das pesquisas e o país que mais se dedica ao tema é o EUA. E, não foram encontradas pesquisas nacionais.

A identificação com a liderança transformacional e suas derivações é influenciada pelo fato de quase metade da força de trabalho estrangeira ser voluntária e não receber recompensas financeiras. Como no Brasil o perfil de adesão voluntária é inferior e não foram encontrados estudos acadêmicos recentes sobre o tema, outros estilos podem estar presentes ou com significâncias diferentes dos encontrados internacionalmente. Logo, a tendência estrangeira não pode ser correlacionada diretamente, abrindo caminho para novas pesquisas, principalmente, nacionais. Outros estudos também merecem atenção.

Bilimoria, D. & Godwin, L. (2005). Engaging people’s passion, in Sims, R. R., Quatro, S. A. (Eds), Leadership: Succeeding in the Private, Public, and Not-For-Profit Sectors. New York: M. E. Sharp. Gajewski, S., Bell, H., Lein, L. & Angel, R. J. (2011). Complexity and instability: the response of nongovernmental organizations to the recovery of hurricane Katrina survivors in a host community. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 40(2), 389–403. Hodges, J. & Howieson, B. (2017). The challenges of leadership in the third sector. European Management Journal, 35, 69-77.