Resumo

Somos mais de 207 milhões de brasileiros. Pouco mais de 12 milhões dessa população reforça as estatísticas da má distribuição de renda, aumento no desemprego, falta de moradia, precariedade tanto no sistema de saúde pública, como no saneamento básico, entre outros. O empreendedorismo e com fins lucrativos vem ganhando visibilidade em meio a esse ambiente de fragilidade, que utilizam ou não do conhecimento da inovação para enfrentarem os problemas sociais. Empresas de inovação social e com investimentos de fundos PhVC, que buscam objetivos social e econômico são foco desta pesquisa.

Propomos o problema de pesquisa: quais práticas de organizações de inovação social contribuem para o alcance dos objetivos social e econômico? O objetivo geral centra-se em compreender a contribuição das práticas de empresas de inovação social para o alcance de seus objetivos social e econômico, tendo como objetivos específicos: • Caracterizar a organização de inovação social investigada. • Descrever e analisar as práticas relativas aos agentes de negócios nas interações com os clientes.

Em função das dificuldades enfrentadas por empresas sem fins lucrativos, pois dependem de doações ou da ajuda do governo para sobreviverem, nem sempre disponíveis, o surgimento de empresas sociais híbridas vem se apresentando como uma tendência. Empresas de inovação social e com investimentos de fundos de PhVC que buscam objetivos social e econômico são foco deste estudo. Entendemos inovação social como qualquer ideia, produto e/ou serviço, práticas, ou modelo de gestão, novo ou combinado de forma diferente das já existentes, visando ao alcance de determinado(s) objetivo(s) social(is).

Empregamos a abordagem de pesquisa qualitativa em uma perspectiva interpretativista. A estratégia de pesquisa foi o estudo de caso, na qual a unidade de análise foram as práticas (sociais) dos agentes de negócios em interação com os clientes, em um negócio social de impacto e de inovação social. O levantamento de dados foi realizado por meio de 21 entrevistas, além de observação não participante e documentos da empresa. Para tratamento e análise dos dados, seguimos a análise temática.

Trata-se de uma organização de inovação social com fins lucrativos do ramo de microfinanças, que foi fundada com capital próprio em 2012 e passou a receber aporte de PhVC em 2014. É a única empresa social no Brasil a vender microcrédito na modalidade individual e sem aval. Descrevemos e analisamos 27 práticas na venda do microcrédito. Essas práticas encontram-se conectadas entre si e acontecem em um contexto organizacional. Além disso, percebemos forte presença da tecnologia na realização de tais práticas, o que mostra o encontro de diferentes materialidades durante sua execução.

Concluímos que as 27 práticas analisadas trabalham tanto para o objetivo econômico, quanto social, no sentido de contribuírem para que a MC venda seu serviço, fidelize o cliente por meio da renovação, buscando a continuidade do negócio com a captação de novos clientes. Porém, se considerarmos que empresas sociais e de inovação social devam promover transformações sociais duradouras, será preciso à organização construir novas práticas de forma que seus beneficiários, mantenham ou façam crescer seus pequenos negócios, melhorando sua condição econômica e, em tese, qualidade de vida.

Bignetti, L. P. (2011). As inovações sociais: uma incursão por ideias, tendências e focos de pesquisa. Ciências Sociais Unisinos. São Leopoldo, v. 47, n. 1, p. 3-14, jan/abr. Hadad, S. & Găucă, O. D. (2014). Social impact measurement in social entrepreneurial organizations. Management & Marketing, 9(2) 119-136. Murray, R., Caulier-Grice, J. & Mulgan, G. (2010). The Open Book of Social Innovation. London. Scarlata, M. & Alemany, L. G. (2009, feb.). How do Philanthropic Venture Capitalists Choose Their Portfolio Companies? Esade – Institute for Social Innovation for their financial support.