Resumo

Título do Artigo

A DINÂMICA DOS CONFLITOS NO CONSELHO EMPRESARIAL FAMILIAR
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Tomada de decisão estratégica
Empresa familiar
Governança

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Governança Corporativa

Autores

Nome
1 - Olivan Borges Greiner
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO (UNINOVE) - PPGA
2 - Fernando Ribeiro Serra
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO (UNINOVE) - PPGA
3 - Ivano Ribeiro
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ (UNIOESTE) - Campus Cascavel

Reumo

Nas decisões tomadas nos conselhos empresariais podem ocorrer conflitos (Jehn, 1995). No entanto, a quantidade de estudos envolvendo conflitos nas decisões organizacionais ainda é reduzida disseminando-se, principalmente, a partir do ano de 2000 (Serra, Tomei & Serra, 2014). Estas investigações envolvem normalmente o conteúdo das decisões e os elementos presentes no processo de tomada de decisão (Elbanna, 2006). Assim, ainda existe uma lacuna de pesquisa relacionada com a dinâmica do conflito, os comportamentos dos indivíduos e suas decisões.
Sabe-se que os conflitos podem interferir nas decisões estratégicas (Amason, 1996; Jehn, 1995; Pelled et al., 1999), e que os conselheiros são fundamentais para o direcionamento dos negócios (Alvez & Mendonça, 2014; Bammens, Voordeckers & Van Gils, 2011). Assim, é necessário que as investigações explorem a dinâmica dos conflitos em conselhos empresariais familiares. Este artigo pauta-se na seguinte questão de pesquisa: Como o ambiente dos negócios e a participação dos conselheiros internos e externos influenciam a dinâmica dos conflitos no conselho consultivo de um grupo empresarial familiar?
Embora o conselho possa ser considerado como uma forma de minimizar os conflitos de agência, os tipos de conflitos existentes e os motivadores para o exercício de tal fim não são claros, a própria dinâmica com o CEO também não é completamente conhecida (Hermalin & Weisbach, 2001). Estes aspectos são críticos, especialmente, nas empresas familiares, onde é usual que o CEO seja membro da família e conselheiro (Le Breton-Miller & Miller, 2006).
O estudo foi realizado por meio de pesquisa documental, onde foram analisadas 36 Atas (443 pg) e transcrições (58pg) de duas gravações de reuniões do conselho entre os anos de 2012 e 2016. Os resultados foram analisados por meio da análise do conteúdo com auxilio do MaxQda v. 12.3.1. Como usual em pesquisas qualitativas, as Atas foram sintetizadas, considerando as situações de conflito e comparadas (Myers, 2009). Toda a análise das Atas foi efetuada inicialmente por um dos autores, foi confirmada parcialmente por outro autor, e depois avaliada e criticada pelos demais autores.
Os resultados indicam que os conflitos emergiram de acordo com a proeminência dos temas e com a participação mais ou menos ativa de cada ator envolvido – conselheiros internos e externos. Foram identificadas 83 situações de conflitos, sendo: 68 conflitos de tarefa e 15 conflitos emocionais. Mesmo que os conflitos de tarefa, por vezes, possam ser benéficos, os resultados demonstram que as posições antagônicas entre os membros e a rigidez dos conselheiros internos podem tornar conflitos de tarefa em conflitos emocionais.
As observações apresentadas reforçam as indicações de Le Breton-Miller e Miller e Steier (2004) que destacam a importância de mais estudos contextuais sobre a dinâmica dos conselhos nas empresas familiares. Este artigo reforça o chamado por pesquisas baseadas na observação real do comportamento dos conselheiros. Os resultados também confirmam que os conflitos nos conselhos das empresas familiares transcendem problemas de agência (Van Ees, Grabielsson & Huse, 2009), sendo estas as principais contribuições deste artigo.
Hambrick, D. C., & Mason, P. A. (1984). Upper Echelons: The Organization as a Reflection of Its Top Managers. Academy of Management Review, 9(2), 193–206. Jehn, K. A. (1995). A multimethod examination of the benefits and detriments of intragroup conflict. Administrative Science Quarterly, 40(2), 256. Le Breton-Miller, I., & Miller, D. (2006). Why do some family businesses out-compete? Governance, long-term orientations, and sustainable capability. Entrepreneurship Theory and Practice, 30(6), 731–746.