Resumo

O presente estudo tem como objetivo analisar a sustentabilidade econômica do Consórcio Cooperativo Agropecuário Mineiro (CCAM). Este empreendimento se estabelece como estratégia de cooperação e visa unir forças de seis consorciadas que atuam no segmento de café e leite. Estas cooperativas estão presentes em 53 municípios nas regiões do Alto Paranaíba, Noroeste e Centro Oeste mineiro e possuem um quadro social com 10.228 cooperados. Tal iniciativa visa criar e manter vantagens competitivas por intermédio da otimização de custos e sinergia com parceiros que possuem algum diferencial no mercado.

O CCAM, além da fundamentação legal na Lei 6.404/76 é baseado também na Lei 4.504 de 1964 (Estatuto da Terra) e na Lei 10.406 de 2002 (Código Civil). A operação do empreendimento é realizada por intermédio de uma empresa (sociedade simples) que não pratica atividades mercantis, ou seja, não possui receitas, apenas o reembolso do valor correspondente às despesas operacionais que são rateadas entre as consorciadas. Dentre as várias áreas de atuação, o consórcio iniciou sua operação com uma Central de Compras que envolve aquisição de produtos e serviços comuns às cooperativas do grupo.

A ação impulsionadora do CCAM fundamenta-se na possibilidade de cooperar para competir de maneira sustentável. Por se tratar de algo hipotético, mas extremamente relevante do ponto de vista da perenidade do negócio, o presente estudo se propõe a responder à seguinte pergunta: O Consórcio Cooperativo Agropecuário Mineiro é economicamente sustentável?

A respectiva pesquisa abrange métodos com enfoque quantitativo e qualitativo (método misto). As técnicas de coleta de dados a serem utilizadas são: i) Pesquisa documental - Estatuto Social das consorciadas e do consórcio cooperativo, Contratos (relações entre as consorciadas e o consórcio), Ata de Constituição do consórcio, Planejamento Estratégico do consórcio, Atas de Assembleias das consorciadas e do consórcio, Atas de Reuniões do consórcio e Relatórios de Prestação de Contas do consórcio e ii) Entrevista com o Presidente do Consórcio Cooperativo Agropecuário Mineiro.

A Redução líquida de custos das negociações realizadas pelo CCAM, após a dedução das despesas operacionais, representa R$16 milhões nos quatro anos analisados. Tal resultado evidencia, no âmbito pecuniário, que o empreendimento é sustentável economicamente (Proposição 1 - As cooperativas se fortalecem mutuamente com o CCAM e Proposição 4 – O CCAM é capaz de gerar ganhos coletivos). Isso significa que o empreendimento gera valor agregado às consorciadas que corresponde a 1,92%, sendo: ZETA (3,55%); ETA (3,00%); DELTA (2,99%); BETA (2,26%); ALFA (0,64%) e GAMA (-3,28%).

As cooperativas agropecuárias, apesar de terem normas e leis específicas, estão sujeitas as mesmas regras de mercado das demais sociedades empresariais. Assim, tal condição legal, por si só, não concede a uma cooperativa uma vantagem competitiva e, nem tampouco, garantia de perenidade ao longo do tempo. Isso significa que as cooperativas, enquanto organizações competidoras, devem encontrar um equilíbrio entre as vertentes econômicas, ambientais e sociais na condução dos negócios. Logo, este estudo evidencia que o CCAM é um modelo de empreendimento capaz de adequar a cooperação à competição.