Teoria Institucional
Análise de Evento
Acidentes Ambientais
Área
Gestão Socioambiental
Tema
Desempenho Social Corporativo (CSP)
Autores
Nome
1 - FRANCISCO SAVIO MAURICIO ARAUJO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FEAAC
2 - Rômulo Alves Soares UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria
3 - Mônica Cavalcanti Sá de Abreu UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuárias e Contabilidade
Reumo
O artigo analisa os efeitos do acidente com a mineradora SAMARCO no comportamento dos stakeholders de empresas nos setores de mineração brasileiro e australiano.A relevância da pesquisa envolve a utilização da ferramenta de “estudo de evento” e sob a ótica da teoria institucional, avaliar como os gestores das empresas envolvidas no acidente (SAMARCO, Vale e BHP Billiton) e o próprio setor de mineração foram imediatamente “afetados” pelo desastre ambiental em Mariana, em relação ao impacto no valor das ações e ao nível de divulgação ambiental.
Com base no exposto, este trabalho procura responder a seguinte questão de pesquisa: Em extensão a riqueza dos acionistas e o posicionamento dos gestores são afetados após um acidente ambiental? A pesquisa utiliza os eventos associados as respostas de dois grupos tomadores de decisão, investidores e gerentes, decorrentes do desastre ambiental no município de Mariana, protagonizado pela SAMARCO, uma subsidiária das multinacionais BHP Billiton (anglo-australiana, maior mineradora do mundo em valor de mercado em 2014) e a Vale (Brasileira).
Magness (2008) utiliza o modelo de saliência proposto por Mitchell, Agle e Wood (1997) para investigar as dinâmicas das tomadas de decisões de investidores e gestores, com relação a dois acidentes ambientais envolvendo empresas mineradoras. Na visão de Baskerville e Morley (2004) a legitimidade e o poder são características flutuantes, enquanto, a urgência prove um atributo cronológico, que fixa um evento de interesse em um ponto no tempo em particular.
Foi utilizado a técnica de análise de eventos para avalisar variações no retorno das e ações e o risco sistemático (beta) das empresas controladoras BHP e VALE, bem com nos mercados que elas operam. Para o comportamento dos gestores, foram analisados os efeitos do acidente na percepção dos gerentes, tornando-os mais sensíveis as divulgações ambientais. Os dados utilizadas na pesquisa foram obtidos do mercado de ações onde as empresas operam nos períodos de 2014 e 2015. Para avaliar o comportamento dos gestores foram analisados os relatórios anuais.i
Os principais resultados evidenciam que não houve um impacto negativo imediatamente após o acidente para os dois mercados (brasileiro e australiano). Nos primeiros dias, imediatamente ao acidente, o portfólio das empresas de mineração no Brasil não foi afetado. Contudo, com a divulgação das causas, dos efeitos e os responsáveis após o acidente da SAMARCO houve uma nova alteração nas ações da VALE, cujo impacto afetou também o mercado brasileiro.
Conclui-se que, enquanto, discutia-se os efeitos negativos do acidente, os acionistas agiram de forma conservadora contribuindo para o aumento do risco. Em relação a divulgação ambiental, os achados suportam o argumento de que em mercados mais competitivos, como a Austrália, há uma tendência pela busca de legitimidade através da divulgação. Para o mercado australiano (Sem BHP), o efeito é significativo a partir dos dias 51 a 60. Portanto, a imagem da BHP associada ao evento em estudo foi afetada posteriormente à primeira controladora brasileira.
BASKERVILLE-MORLEY R. Dangerous, Dominant, Dependent, or Definitive: Stakeholder Identification when the Profession Faces Major Transgressions. Accounting and the Public Interest 4, 24
MAGNESS, V. Who are the stakeholders now? An empirical examination of the Mitchell, Agle, and Wood theory of stakeholder salience. Journal of Business Ethics, v. 83, n. 2, p. 177–192, 2008
MITCHELL, R. K.; AGLE, B. R.; WOOD, D. J. Toward a theory of stakeholder identification and salience: defining the principle of who and what really counts. Academy of Management Review, [S. l.], v. 22, n. 4, p. 853- 886, 1997