Resumo

Título do Artigo

"AH, SEMPRE FOI ASSIM. É CULTURAL". IMPLICAÇÕES DA CULTURA ORGANIZACIONAL NA APRENDIZAGEM DO TRABALHO DE SERVIDORES PÚBLICOS ADMINISTRATIVOS
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Palavras Chave

Cultura organizacional
Aprendizagem organizacional
Universidade pública

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Aprendizagem nas Organizações

Autores

Nome
1 - Diogo Reatto
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - Higienópolis
2 - DARCY MITIKO MORI HANASHIRO
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - Centro de Ciências Socias e Aplicadas - PPGA
3 - Patrícia Teixeira Maggi da Silva
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - São Paulo

Reumo

Os conceitos de Cultura Organizacional (CO) e Aprendizagem Organizacional (AO) são multidisciplinares, essencialmente sociais e intrínsecos à dinâmica das organizações. O entendimento da relação entre eles é importante para o campo de estudos da AO, apontando para o fato de que ambos são conceitos indissociáveis, já que a natureza e os processos de aprendizagem podem variar em função dos contextos culturais, da natureza e do objetivo do que é aprendido.
A relação entre CO e AO em um contexto pode se colocar como facilitador ou barreira à AO. Embora nessa relação predominem estudos funcionalista-positivista, esta pesquisa amplia o foco de investigação da AO como processo e fenômeno cultural, com o interesse prático de interpretação dos significados manifestos na interação humana para se conhecer os processos de AO. Assim, o objetivo geral do estudo é compreender e explicar como a CO implica nas experiências de aprendizagem vivenciadas por funcionários administrativos de uma faculdade pública estadual de São Paulo em seus locais de trabalho.
A CO é a criação de significado por meio da qual os seres humanos interpretam suas experiências e guiam suas ações. Logo, a AO pode ser entendida como um processo cultural à medida que as organizações se constituem culturas, cujo foco de atenção é para o que acontece nas práticas grupais. Nessas interações, são justamente esses significados definidos por seus membros que definem os fatores que podem atuar como incentivador ou inibidor da AO. Por isso que a CO não é só determinada pelo ambiente, mas se estrutura no jogo de atores que agem na organização num ambiente de múltiplas interações.
Conduziu-se estudo qualitativo interpretativista básico, com entrevistas semiestruturadas com 9 servidores administrativos de uma faculdade de uma universidade estadual paulista capazes de revelar detalhes de manifestações culturais da vida organizacional que até então estavam sendo ignorados ou não estudados. O tempo desses sujeitos na organização variou de 6 a 37 anos. Analisaram-se as informações pelo processo de análise de dados qualitativos adaptado de Flores. As categorias de análise foram construídas a partir das informações das entrevistas e contém elementos da CO do ambiente estudado.
Os elementos culturais que revelam aspectos da CO, que podem apoiar ou não a aprendizagem no trabalho referem-se a: natureza do trabalho do servidor; organização interna do trabalho, com quem e como se aprende; papel do líder na formação da cultura do grupo e da organização; postura dos sujeitos diante de problemas; subculturas e clima organizacional. Dentre eles destacam-se o estilo controlador de liderança; aprendizagem centrada no outro; ausência de espaços para aprendizagem; inconsistência organizacional entre estratégia, políticas e práticas; cultura do funcionalismo público nacional.
Os elementos culturais identificados mais limitam que incentivam a AO, no entanto, há fortes incentivadores da AO que podem se tornar elementos da CO como início de mudança na postura do líder para mais democrático, comportamento proativo dos novatos, crença de que é possível mudar o ambiente com a formação de grupos de trabalho coesos. Contudo, o ambiente estudado não caracteriza uma cultura de aprendizagem, já que não suporta a aprendizagem permanente, integrada com as rotinas diárias, por meio de políticas e práticas especificamente desenhadas para este propósito.
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