Resumo

O Estado e as organizações privadas não têm conseguido bons resultados na luta por problemas socioambientais como a pobreza, a degradação ambiental e violação de direitos (TRIVEDI, 2010). E, nesse contexto, tem ganhado força nos últimos anos a via dos negócios sociais (NS), uma alternativa organizacional que atua seguindo as lógicas do mercado, mas cujo objetivo final substitui o lucro e a acumulação de capital pela orientação para resolver problemas sociais.

O objetivo desse artigo teórico é analisar as diferenças existentes na proposta dos negócios sociais, tanto como conceito, como enquanto prática nos Estados Unidos, na Europa e nos países emergentes.

Nesta seção são apresentados o contexto do surgimento dos NS, assim como suas bases conceituais, ainda em construção. Posteriormente, são destacadas as diferentes abordagens e terminologias empregadas para designar essa forma de empreendimento. Em seguida, são evidenciadas as três principais correntes de pensamento contemporâneas que se propõem a explicar o conceito de negócio social, a saber: a perspectiva europeia, a norte-americana e a dos países emergentes. Os conceitos foram debatidos à luz dos trabalhos de Yunus (2008, 2010), Comini, Barki, Aguiar (2012) e Kerlin (2006), entre outros.

Trata-se de um estudo exploratório, teórico e baseado na pesquisa bibliográfica. Revisaram-se, inicialmente, as escolas de pensamento que levaram o campo ao seu nível atual de desenvolvimento e, em um segundo passo, foram evidenciadas as três principais correntes de pensamento contemporâneas que se propõem a explicar os negócios sociais.

Quanto às abordagens atuais para os NS, a perspectiva norte-americana tem maior ênfase no mercado e considera um NS praticamente qualquer atividade empresarial que cria soluções para resolver problemas sociais a partir da ótica do mercado. A corrente europeia tem uma abordagem mais social e cooperativa, enfatizando o papel das organizações da sociedade civil em assumir funções públicas. A perspectiva dos países emergentes mescla as outras duas vertentes e enfatiza iniciativas de mercado que visam reduzir a pobreza e transformar as condições sociais dos indivíduos marginalizados ou excluídos.

Conclui-se que, há poucos estudos sobre a aplicação dos NS e essa pesquisa possibilita a orientação no campo ao descrever as particularidades e conflitos das correntes atuais.

COMINI, G.; BARKI, E.; AGUIAR, L. T. A three-pronged approach to social business: a Brazilian multi-case analysis. RAUSP-Revista de Administração da Universidade de São Paulo, v. 47, n. 3, p. 385-397, set. 2012. KERLIN, J. Social enterprise in the United States and Europe: understanding and learning from the differences. Voluntas: International Journal of Voluntary and Nonprofit Organizations, v. 17, n. 3, p. 247-263, 2006. YUNUS, M. Criando um negócio social: como iniciativas economicamente viáveis podem solucionar os grandes problemas da sociedade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.