Resumo

Título do Artigo

Cooperação Interorganizacional e a Inovação de Processo: a Localização Estrangeira dos Parceiros importa?
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Palavras Chave

Inovação de Processo
Cooperação Interorganizacional
Parceiros Estrangeiros

Área

Gestão da Inovação

Tema

Redes, Ecossistemas e Ambientes de Inovação

Autores

Nome
1 - Rafael Morais Pereira
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Programa de Pós-Graduação em Administração
2 - FELIPE MENDES BORINI
ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING (ESPM) - PMGDI/ESPM

Reumo

Apesar da evolução da inovação enquanto campo de pesquisa, explicar os processos por meio dos quais as organizações inovam permanece longe de ser completo. Nesse contexto, relações interorganizacionais têm sido propostas como relevantes para o acesso a recursos externos e, consequente, desenvolvimento de inovações. Assim, os diferentes parceiros de inovação podem ser do tipo doing, using and interacting (DUI), como clientes, fornecedores e concorrentes, ou do tipo science, technology and innovation (STI), como universidades, institutos de pesquisa e centros de capacitação.
Embora estudos mostrem a importância dos parceiros, a influência do fator localização sobre a inovação, inclusive na inovação de processo, ainda é contraditória. Haja vista que a literatura investiu muito mais esforço na compreensão de relações de aprendizagem próximas, deixando de lado a análise das relações a longas distâncias, questionamos se para a inovação de processo importa a cooperação com parceiros interorganizacionais localizados num país estrangeiro? O objetivo do artigo foi analisar a relação entre a cooperação com parceiros estrangeiros e o desenvolvimento de inovação de processo.
O referencial teórico que fundamentou este artigo compreendeu os estudos sobre a cooperação interorganizacional e os resultados de inovação, principalmente, inovação de processo (Reichstein & Salter, 2006; Un & Asakawa, 2015). Nas hipóteses defendemos que a inovação de processo está negativamente associada à cooperação com fornecedores, clientes e concorrentes estrangeiros (modo de inovação DUI - H1) e positivamente associada à cooperação com universidades, institutos de pesquisa e centros de capacitação estrangeiros (modo de inovação STI - H2) (Fitjar & Rodriguez-Pose, 2013).
Com uma abordagem quantitativa, utilizamos dados secundários de 28 setores empresariais brasileiros da Pesquisa de Inovação (PINTEC), de 2003 a 2014. Inovação de processo com grau de inovatividade para a empresa e para o mercado nacional foram as variáveis dependentes e as variáveis independentes foram a cooperação com clientes e fornecedores estrangeiros, com concorrentes estrangeiros, com universidades e institutos de pesquisas estrangeiros e com centros de capacitação profissional e assistência técnica estrangeiros. Para análise dos dados adotamos a técnica de regressão com dados em painel.
Diante do objetivo proposto no artigo, os resultados suportaram parcialmente as nossas hipóteses. Foi confirmado que a cooperação estrangeira com os parceiros da cadeia de valor (fornecedores e clientes) não está associada à inovação de processo ao passo que os concorrentes, também parceiros DUI, apresentaram relação positiva com a inovação de processo ao nível mercado nacional. Por outro lado, a hipótese de cooperação estrangeira com os parceiros STI associada aos resultados de inovação de processo, mesmo com as especificidades dos atores desse grupo, foi suportada majoritariamente.
Contribuímos com a literatura, primeiramente, ao adotar a classificação dos parceiros DUI e STI, individualizando o papel da localização de cada parceiro estrangeiro. Segundo, concluímos que a localização distante (ou próxima) dos parceiros é relevante para a inovação de processo das empresas, porém é determinada de forma heterogênea em função de cada tipo de parceiro. Dado esse achado, isto permite aos gestores selecionar seus parceiros de acordo com os objetivos de inovação e aos governantes fomentar relações para a inovação mais produtivas e mais seguras institucionalmente.
Fitjar, R. D., & Rodriguez-Pose, A. (2013). Firm collaboration and modes of innovation in Norway. Research Policy, 42(1), 128-138. doi: 10.1016/j.respol.2012.05.009. Reichstein, T., & Salter, A. (2006). Investigating the sources of process innovation among UK manufacturing firms. Industrial and Corporate Change, 15(4), 653-682. doi: 10.1093/icc/dtl014. Un, C. A., & Asakawa, K. (2015). Types of R&D Collaborations and Process Innovation: The Benefit of Collaborating Upstream in the Knowledge Chain. Journal of Product Innovation Management, 32(1), 138-153. doi: 10.1111/jpim.12229.